Chilenos lutam contra previdência aprovada na Ditadura de Augusto Pinochet.
Palestra mostrou que sistema previdenciário chileno é voltado para o mercado. Foto: Luciana Santos
Não é preciso esperar 30 ou 40 anos para conhecer como ficará a aposentadoria dos brasileiros com a reforma da previdência proposta pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Seus efeitos perversos estão sendo sentidos pelos chilenos agora, quando começam a serem pagas as aposentadorias dentro do modelo de capitalização aprovado durante a Ditadura de Augusto Pinochet (1973 a 1990). A realidade de lá é dramática. Em um sistema que beneficia apenas seis grupos financeiros que administram a previdência, 43% dos recursos recolhidos saem do país, 10% da população não consegue contribuir mais do que um ano durante toda vida e apenas 8% conseguiu contribuir por 40 anos. Pior. Com aposentadorias tão baixas, o governo está tendo que complementar a renda dos aposentados com o dinheiro dos impostos.
Esse é o mapa da previdência apresentado por Raul Marcelo Devia Ilabaca, professor de línguas, filosofia e advogado trabalhista, em evento realizado no miniauditório da UTFPR. Ele destacou que o projeto proposto no Brasil está sendo combatido no país. “Nós estamos lutando para ter o que vocês já tem, que é um sistema solidário, enquanto o governo de vocês quer adotar um sistema que os chilenos rejeitam”, destacou.
O vice-presidente do Senge, Leandro José Grassmann, durante debate. Foto: Luciana Santos.
MINIRREFORMA
No próximo dia 31 de março, os chilenos tomam as ruas contra o atual modelo de capitalização. Ao contrário do que disse o ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, o país já passou por duas pequenas reformas desde que o sistema foi aprovado em 1980 “debaixo de sangue derramado dos chilenos”. Antigamente (1924), a previdência era organizada por categorias. Eram 34 regimes próprios. Com a Ditadura, foi adotado o modelo de capitalização voltado para o mercado financeiro. Já em 2008, quando começaram a ser pagas as pensões, a presidente social democrata Michelle Bachelet se deu conta que o valor dos benefícios eram muito baixos. Foi nessa época que o Estado passou a fazer aportes financeiros para reduzir a desigualdade. Como o Estado não recolhia mais, o dinheiro saía dos impostos.