A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um estudo, em julho, mostrando que as mulheres trabalham mais do que os homens no Brasil, quando se calcula o tempo total de trabalho, o que inclui afazeres domésticos e a jornada formal do mercado.
Os números, relativos ao ano de 2009, revelam que as mulheres têm uma jornada de cerca de cinco horas a mais por semana do que os homens. Segundo o estudo, os homens trabalham, em média, 43,4 horas por semana no mercado de trabalho e outras 9,5 horas em casa. Ao mesmo tempo, as mulheres têm jornada de 36 horas no mercado formal de trabalho, mas 22 horas trabalhando em casa. Isso quer dizer que entre o conjunto de mulheres brasileiras inseridas no mercado de trabalho, uma proporção de 90,7% também realizava afazeres domésticos, enquanto que entre os homens tal proporção era significativamente inferior, 49,7%.
Para a diretora da OIT, Laís Abramo, esse quadro mostra que são importantes políticas de conciliação entre trabalho, vida pessoal e vida familiar. “É muito importante que haja políticas públicas e empresariais que facilitem a conciliação. Tem a ver com a disponibilidade de creches, com a melhoria do transporte, e com a questão das jornadas flexíveis, além de um compartilhamento maior dos afazeres domésticos”, disse ela.
O estudo mostrou ainda que a participação dos homens em casa está mais concentrada em “atividades interativas”, como a realização de compras de mantimentos em supermercados, o transporte dos filhos para a escola e “atividades esporádicas” de manutenção doméstica, como reparos e consertos no domicílio.
A OIT concluiu que a “massiva incorporação” das mulheres no mercado de trabalho não vem sendo acompanhada de um “satisfatório processo” de redefinição das relações de gênero no que tange a divisão sexual das tarefas, tanto no âmbito da vida privada, quanto no processo de formulação de políticas públicas e de ações por parte de empresas e sindicatos.