Por Leandro Grassmann | Presidente Senge-PR
No Paraná, empregados da Copel enfrentam um dos piores acordos coletivos da história da Companhia. Pressão para retirar direitos adquiridos há décadas, ameaça de demissões, nenhuma garantia de manutenção de emprego. Tudo isso em meio a um processo de venda da Copel articulado na surdina com o Governador Ratinho Junior e com os deputados da base aliada.
Na cúpula da empresa, que parece viver em uma realidade paralela, viagem aos EUA para celebrar os 25 anos da Copel na New York Stock Exchange.
Empregados trabalham diuturnamente, cumprindo jornadas exaustivas, sem direito ao devido descanso. Pressão moral para atingir metas impossíveis. Avaliações de desempenho subjetivas e que servem mais para punir do que para incentivar o desenvolvimento profissional.
Relatos de que não há progressão em carreira, nem por mérito. Que a parca verba para aumentos é distribuída entre poucos “amigos” dos gestores.
Novamente no universo paralelo em que vive o presidente da companhia, Daniel Slaviero, dinheiro, muito dinheiro. Verbas bilionárias para distribuir aos acionistas. Transmissões de resultados “ao mercado” pintam um mundo cor de rosa, com metas cumpridas. Principalmente a que diz respeito à redução de custos, atingida às custas dos empregados (ou dos que saíram da empresa).
Tudo tem limite. O tensionamento imposto pelo presidente Daniel e seus diretores parece ter passado o limite do tolerável. Os gestores da Copel já poderiam ter percebido os sinais. Este ano, ao contrário do ano passado, a empresa sequer se qualificou para entrar no ranking do GPTW – Great Place to Work.
As reclamações em corredores e redes sociais aumentaram. E muito! Pessoas que antes ficavam quietas agora se manifestam. Memes rolam soltos pelas redes. A insatisfação atingiu níveis há muito tempo não vistos.
Curto circuito na gestão de pessoas
Resultado: Uma mobilização dos empregados. E não é só por melhores salários. É por melhores condições de trabalho. Por reconhecimento. Por saberem da disparidade de tratamento dos acionistas e dos empregados. Por indignação e por vergonha da gestão capitaneada pelo Sr. Daniel Slaviero.
Com a possibilidade real de venda da empresa, centenas de copelianos foram se manifestar na Assembleia Legislativa. Muitos ficaram pra fora, o local estava lotado.
A ficha caiu para os empregados. Mas parece não ter caído para o Daniel Slaviero. Ele continua agindo como se fosse o dono da razão e estivesse certo nos encaminhamentos que toma. Não está!
Vaias para o CEO
Daniel Pimentel Slaviero entrará pra história. E não é pelo modelo de gestão. Será lembrado por ser o primeiro presidente da Copel que foi vaiado nos corredores da companhia. Por ser o primeiro presidente que nunca se dignou a conversar com os sindicatos. Por fazer com a Copel exatamente o oposto do que seu avô, Paulo Pimentel, fez no começo dos anos 2000: reergueu a empresa após uma tentativa de venda. Já Danielzinho é outro que tenta vendê-la novamente.
A ganância, a soberba e a arrogância parecem ser tão grandes quanto o abismo que existe entre a cúpula da empresa e os empregados. Funcionários relatam que o Sr Daniel não cumprimenta os colegas de trabalho, que mandou fechar o portão da Copel por conta de uma manifestação contra a venda, entre outros. Ele trata a empresa como se fosse sua propriedade. Atitude similar ao atrasado patrimonialismo da elite brasileira, distante dos reais problemas da população brasileira. Tanto que, enquanto a apreensão se manifesta nos rostos dos copelianos, ele distribuía sorrisinhos de satisfação na NYSE. Um guri batendo martelo e brincando de gestor . Enquanto os empregados ficam aqui no Paraná, trabalhando dobrado para recompor o sistema de fornecimento de energia neste período de fortes chuvas.
Martelo da negociação
Em alguns dias teremos mais uma rodada de negociações. Resta esperar e ver se o Sr. Daniel amadurece e resolve dar as caras para ouvir os sindicatos. Resta torcer para que entenda que faz-se necessário avançar nas tratativas quanto às garantias de emprego e melhores condições de trabalho. Se vai acontecer? Aguardemos.