ARTIGO: A rua é nossa

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As ruas se encheram de gente, em todo o Brasil. Milhares e milhares de pessoas, em manifestações emocionantes deram seu recado: Não nos intimidaremos com atitudes amedrontadoras, que objetivam nos manipular. Não deixaremos o golpe acontecer!

Depois de uma disputa eleitoral dura e desleal, em que a militância fez a diferença garantindo a continuidade de um projeto de nação, que luta arduamente para diminuir distâncias sociais e econômicas, nos vimos diante de uma situação de eleições, de uma conjuntura que tenta enfiar goela abaixo da população a ilegitimidade de um mandato democrático.

Terceiro turno? Jamais. O processo eleitoral acabou! E vamos defender a democracia e seus valores. Essa determinação foi clarificada nas manifestações de 13 de março de 2015. O Brasil, em todas as capitais e no DF e em muitos outros recantos, se viu cheio de gente. De muita gente, junta, altiva, firme de propósitos.

Essa gente tem clareza de causas. Sabe o porquê de estar na rua. Gritamos a necessidade da reforma política, item fundamental no debate sobre financiamento privado de campanhas eleitorais e combate à corrupção. Falamos aos quatro ventos que defenderemos a Caixa 100% pública. Explicitamos que não deixaremos que a Petrobrás seja desqualificada com o objetivo claro de ter seu capital exposto às garras vampirescas, especialmente dos Estados Unidos. Mandamos o recado à presidenta Dilma e aos membros da equipe econômica chefiada pelo ministro Joaquim Levy que defendemos a democracia com unhas e dentes, mas o nosso compromisso é com trabalhadoras e trabalhadores do Brasil que, semeadores das riquezas devem colher seus frutos.

Não fomos alguns poucos ou um amontoado de gente sem causa. Somos muitos e sabemos que, apesar de não querermos muito do que aí está, vamos defender a democracia, garantir direitos e avançar em conquistas. Sem qualquer dúvida, queremos um país forte, com empresas públicas fortalecidas, assegurando autodeterminação ao nosso povo e ao nosso país.

As manifestações de 13 de março de 2015 se configuraram em atos que resgataram a união de partidos políticos, centrais sindicais, movimentos populares, gente do campo e da cidade. Os atos demonstraram que a CUT e seus dirigentes, acertadamente chamaram às ruas as guerreiras e os guerreiros que, aparentemente com suas almas cansadas, fortalecem seus espíritos em meio à tempestade, alinham sua coluna e encaram a luta de peito aberto e coração valente.

Que ninguém divide: A Central Única dos Trabalhadores, não envelheceu. Aos 32 anos espalha aos quatro cantos que “Somos fortes, somos CUT”. Fortalecendo seu papel democrático e aglutinador, nossa Central abre as porteiras dos bretes em que a imprensa golpista e os batedores de panelas quiseram nos encantonar. Os laços de apartação foram rompidos e o encontro se deu. Esquecemos o medo. Saímos às ruas de cara limpa. Não nos escondemos atrás das janelas ou das máscaras. Afinal, nosso lugar é junto a nossa gente, é próximo daqueles que por dezenas e dezenas de anos nem panelas tiveram e que agora as usam para aquecer seus alimentos, fortificar seus corpos e acalentar seus corações.

Mostramos que podemos dar uma trégua as nossas almas aparentemente cansadas. Mas que não estamos dormindo em berço esplêndido. Sabemos nos juntar quais arbustos para não vergar à tempestade. E eis que levantamos e mostramos a quem interessar possa que nossa união, nossa alegria e nossa luta não precisam lançar mão da violência para dizer a que viemos. São herança dos que acreditam sempre na justeza de nossas causas.

Jacy Afonso é secretário nacional de organização da CUT