Ao comemorar seu Jubileu de Prata, Fisenge reflete sobre rumos da Engenharia

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Mesa de abertura dos trabalhos do simpósio promovido pela Fisenge em seus 25 anos

Com o tema “A Engenharia, as Eleições e o Desenvolvimento do Brasil”, a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros – Fisenge promoveu, na tarde desta sexta-feira (21), no Clube de Engenharia do Rio de janeiro, uma nova edição do Simpósio SOS Brasil Soberano, programação que vem discutindo os rumos do desenvolvimento do país e que, na ocasião, celebrou seus 25 anos de atividades. 

Sob a mediação do presidente da entidade, Clóvis Nascimento, e com as participações do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, do economista Paulo Nogueira Batista Jr. e do sociólogo Clemente Ganz Lúcio, o evento, transmitido ao vivo pelo Facebook do simpósio e promovido em parceria com o Senge-RJ, contou, em sua mesa de abertura, com as participações dos presidentes do Confea, Joel Krüger; da Mútua, Paulo Guimarães; do Crea-RJ, Luiz Cosenza; do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos; e do Clube de Engenharia do Rio, Pedro Celestino, do representante da Federação Nacional de Engenheiros – FNE, Carlos Pontes e da diretora da Central Única dos Trabalhadores – CUT, Annyeli Damião do Nascimento.

“São 25 anos de uma trajetória de luta para muito além das questões corporativas, mas, sobretudo, de contribuição para o desenvolvimento do Brasil”, comentou o presidente Clóvis Nascimento, na abertura, passando em seguida a palavra ao presidente do Clube de Engenharia, que, ao receber os participantes do simpósio, comentou ser “imensamente agradável receber gente que pensa no Brasil, a exemplo da Fisenge”. Em seguida, acrescentou que “a causa da nação soberana, democrática, socialmente justa”, defendida pela entidade, “transcende a defesa da engenharia nacional”.

Luta e crise

“A Fisenge desempenha um belíssimo trabalho de luta em defesa da democracia, da liberdade, da engenharia, defesa da soberania nacional. Gostaria de parabenizar todos os sindicatos e todos os associados aqui presentes. Tivemos uma edição do SOS Brasil Soberano agora na Soea, em agosto. E esse é um tema em que estamos absolutamente alinhados, estamos juntos nesta luta. A defesa da soberania nacional, do capital tecnológico e das empresas brasileiras estava em nossa proposta para a gestão do Conselho Federal. Dessa forma, tiramos uma posição unânime do Confea, contrária à privatização da Eletrobras, como também estamos juntos na questão da formação das novas diretrizes curriculares. São dois pontos alinhados com a defesa da soberania nacional”, considerou o presidente Joel Krüger, lembrando que pertence à diretoria do Senge-PR. “Somos Fisenge, somos Senge-PR também”.

Presidente Paulo Guimarães, da Mútua

Presidente Paulo Guimarães, da Mútua

“Esse Jubileu de Prata é um momento muito importante com todas as lideranças da engenharia do Brasil”, considerou Paulo Guimarães, lembrando o papel social e assistencial do Sistema Confea/Crea. “A Mútua e o Confea, em parceria com as entidades, vamos estabelecer programas em possamos atender principalmente ao associado que precise de requalificação, contribuindo, assim, para a defesa da soberania nacional”, acrescentou.

Eleições

“Representar o Crea-RJ, parte do maior conselho profissional do país, nesse local para homenagear a Fisenge e seus 12 sindicatos filiados é motivo de muita alegria. Quando a gente assumiu, disseram que não devia falar de política. Mas se fosse assim, seria melhor nem entrar. Nossas entidades, fazem parte de uma resistência contra o desmonte da nossa engenharia. É inacreditável como um país que, há quatro anos, se dizia que ia ter um apagão de engenheiros, hoje tenhamos que conviver com mais de 50 mil engenheiros na rua. E eu não sei o que vai sobrar desse país até o final do ano. Quando o mercado da engenharia está fechado, é porque o país vai muito mal. E temos que falar de eleições e cobrar do presidente eleito que pense na classe trabalho, na engenharia e que a gente retome a discussão da questão da reforma trabalhista, que foi uma forma que o governo achou para destruir numa canetada só a grande resistência que o governo tinha que são os sindicatos.

 Encruzilhada democrática

Presidente do Senge-RJ, Olimpio Alves dos Santos

Presidente do Senge-RJ, Olimpio Alves dos Santos

Já o presidente do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos, fundador da Fisenge, considerou que a entidade se encontra mais uma vez diante de uma encruzilhada para definir os destinos da Engenharia nacional. “Quando percebemos essa encruzilhada, pensamos em construir um movimento chamado SOS Brasil Soberano. Porque entendemos que é fundamental discutir a soberania, o direito de sermos donos e definidores do nosso futuro, de termos direito de dispormos das riquezas naturais deste país para trazer cidadania a todo o povo brasileiro, que se encontra em sua grande parte na miséria e excluído. Mais do que isso, temos construído uma ideia de nação por senso comum, o pior possível. Por isso, precisamos agora espantar os espantalhos criados por esse senso comum”, disse, lembrando a letra de “Fado Tropical”, de Chico Buarque de Holanda.

A mesa de abertura do simpósio foi concluída pela representante da CUT, Annyelli Nascimento, que lembrou a atual resistência da classe trabalhadora. “Esse processo político que estamos passando nos coloca na responsabilidade de sermos atores e atrizes políticos para conduzir esse país a outro patamar. Nossa elite não quer que você tenha e muitas vezas não pensa na potencialidade do povo brasileiro para transformar essa realidade”, disse, fazendo um chamamento em defesa da democracia. “O Brasil só será transformado se tomarmos a decisão agora”.

Chacon, Presente!

Esposa, Silvia Chacon, e filha recebem placa das mãos do presiente da Fisenge, Clóvis Nascimento, em homenagem ao engenheiro eletricista José Chacon de Assis

Esposa, Silvia Chacon, e filha recebem placa das mãos do presiente da Fisenge, Clóvis Nascimento, em homenagem ao engenheiro eletricista José Chacon de Assis

Falecido em 3 de julho e homenageado também durante a Soea deste ano, o engenheiro eletricista, conselheiro do Confea e ex-presidente do Crea-RJ José Chacon de Assis foi homenageado por meio da entrega de uma placa da Fisenge à esposa, Silvia Chacon, e a uma de suas filhas. Suas lutas pela democracia, Anistia, Constituição, por movimentos sociais, ambientais, sindicais, como ex-diretor do Senge-RJ, e pela soberania do país, foram saudadas pelo público aos gritos de “Chacon, Presente!”.

Tecnologia e soberania

Embaixador Celso Amorim e demais participantes do simpósio SOS Brasil Soberano

Embaixador Celso Amorim e demais participantes do simpósio SOS Brasil Soberano

Ao cumprimentar a Fisenge, o diplomata Celso Amorim comentou que o Clube de Engenharia sempre se caracterizou pela defesa do pensamento nacionalista, e lembrou episódios de sua trajetória ligados à engenharia, relacionado a patentes, propriedade intelectual de produtos com tecnologia brasileira e informática. Fazendo referência à atuação em defesa da engenharia brasileira, por meio de ações como a da não concretização da Área de Livre Comércio das Américas – ALCA, também mencionou a crise da indústria naval nos últimos anos. “Ela era um dos esteios que mais ofereciam empregos no Rio de Janeiro e agora está combalida. O atual governo tem uma política industrial, mas não pra nós, é para a Coréia do Sul, Cingapura, isentando de impostos as embarcações e plataformas de petróleo do exterior. E nós deixamos de fazer acordos que prejudicassem a indústria naval nacional. É vital o desenvolvimento da engenharia e da tecnologia para o país exercer sua soberania”.

Fonte: Equipe de Comunicação do Confea