Água é tema do Relatório de Desenvolvimento Humano 2006

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A água foi o tema escolhido pelas Nações Unidas (ONU) para compor a segunda parte do Relatório de Desenvolvimento Humano 2006 (RDH), divulgado na quinta-feira, dia 9/11. O relatório estabelece uma relação entre o acesso à água e a pobreza, e faz um diagnóstico de como está a crise mundial da água. O Brasil, onde 90% da população têm acesso à água potável, é apontado no relatório como um dos países onde o índice equivale ao de lugares com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O índice é semelhante ao de países com alto IDH, como Coréia do Sul e Cuba. O IDH do Brasil, de 0,792, é considerado médio. Quanto à coleta de esgoto, no entanto, o país tem uma taxa de atendimento inferior à do Paraguai e à do México. No Brasil, 75% dos domicílios têm serviço de coleta de esgoto, segundo o RDH 2006, feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Os dois indicadores, acesso à água e coleta de esgoto, evoluíram no Brasil de 1990 a 2004. A proporção de brasileiros com acesso à água potável, por exemplo, aumentou, no período, 8%. Antes, a taxa era de 83%. Com isso, o Brasil ficou bem perto da meta de 91,5%, estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Metas

Os objetivos do milênio são uma série de metas socioeconômicas que os países que integram a ONU se comprometeram a atingir até 2015. Em 1990, o percentual da população que tinha acesso a serviços de saneamento adequado, de acordo com o relatório, era de 71%. Com os 75% atuais, o Brasil ainda precisa de 10,5 pontos percentuais para atingir a meta de 85,5% estabelecida para 2015.

Apesar do alto índice de acesso à água, o Brasil está no 74° lugar do ranking de 159 países onde o índice é medido para compor o RDH. A lista exclui os países com alto IDH. No ranking de saneamento, a posição brasileira é a de número 67, entre as 149 nações pesquisadas. Ficam de fora do levantamento as 24 com maior IDH.

O estudo das Nações Unidas indica que há uma relação muito próxima entre nível de pobreza, acesso à água e acesso a serviços de saneamento. Nesse sentido, a situação brasileira não é das melhores. Registra o relatório: “à medida que a renda aumenta, a cobertura média melhora. Mesmo uma renda nacional média relativamente alta não é garantia de uma alta taxa de cobertura entre os pobres. No Brasil, os 20% mais ricos desfrutam de níveis de acesso à água e a saneamento geralmente comparáveis ao de países ricos. Enquanto isso, os 20% mais pobres têm uma cobertura, tanto de água como de esgoto, inferior à do Vietnã”.

Apontado no RDH 2006 como um dos países com maior disponibilidade de água, inclusive superior ao que precisa consumir, o Brasil, no entanto, não conseguiu superar o desabastecimento em regiões secas e entre a população de baixa renda. De acordo com o relatório, milhões de pessoas vivem na região conhecida como Polígono da Seca, uma área de 940 mil quilômetros quadrados na região Nordeste, e enfrentam a falta crônica de água.

As Nações Unidas definem a água como uma necessidade humana elementar e um direito humano fundamental. Sem água, não há desenvolvimento. “Quando se trata de água, existe o reconhecimento de que o mundo enfrenta uma crise que, se não for controlada, vai por em perigo o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e atrasar o desenvolvimento humano”, concluem os técnicos. O relatório registra também que, em geral, os mais pobres pagam os preços mais altos pela água no mundo e as pessoas que mais sofrem com a crise de água e do saneamento são as mais carentes.

Mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a água potável no mundo, por viverem em regiões secas ou pelo fato dos rios estarem poluídos. E cerca de 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento adequado. Como conseqüência, 1,8 milhão de crianças morrem, no mundo, em decorrência de problemas como diarréia e outras doenças provocadas por água suja e más condições de saneamento.

Agência Brasil