Na última segunda-feira (06/02), o programa Engenharia e Desenvolvimento, do canal Arte Agora, recebeu Agamenon Oliveira, diretor do Senge RJ e Marcio Girão, presidente do Clube de Engenharia. Os convidados trataram da importância de uma urgente reestatização do Grupo Eletrobras.
Tema fundamental para o desenvolvimento e soberania do país, a reversão de um dos muitos crimes de lesa-pátria cometidos por Bolsonaro – a venda do maior sistema elétrico unificado do mundo, em 2022 – segue distante das pautas prioritárias da esquerda até o momento.
Agamenon Oliveira, afastado pela diretoria do Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) em uma caça às bruxas que vem mirando nos sindicalistas de seu quadro de funcionários, destacou que, se nada mudar, o país seguirá perdendo conquistas históricas, como o próprio Cepel.
“Se tudo caminhar como está, sem uma intervenção consciente do Governo, perderemos o principal centro de pesquisa de energia elétrica da América Latina. Só a sua existência garante ao Brasil uma economia de cerca de $10 mi por ano em desenvolvimento de tecnologias para suprir o complexo industrial da energia do país. Mas justamente no ano que o Cepel faz 50 anos, ele está ameaçado de desaparecer, uma vez que a diretoria privada da Eletrobras vê os gastos com tecnologia como custo, não como investimento”, conta Agamenon.
A saída para salvar o Cepel está, segundo o diretor do Senge, na negociação e retomada do Cepel, trazendo-o para âmbito do governo. “O Cepel já fechou sete laboratórios, demitiu pessoas de alta capacitação técnica e está promovendo perseguição política. Eles perderam o debate político e técnico e passaram a perseguir funcionários. Como podemos jogar fora um centro de pesquisa no momento em que ele é mais necessário? Em momento de transição energética e quando precisamos estar prontos para a quarta revolução científica e tecnológica?”, questiona Agamenon.
A conta não fecha
Ferramenta estratégica para o país, a Eletrobras é hoje instrumento de acumulação de riquezas de um grupo reduzido de pessoas que não gera empregos e não produz absolutamente nada para o país.
Girão destacou que não tem nada contra os rentistas, mas que o sistema elétrico nacional não deveria estar nas mãos deles. “O papel dos rentistas é gerar lucro. Já o papel do Estado é gerar receitas para o país e atender a sociedade, inclusive em regiões que não interessam ao mercado”, defendeu.
O presidente do Clube de Engenharia também destacou que o lucro líquido da Eletrobras no último ano foi de R$ 5 bi, contrastando com o baixo valor recebido pela venda da empresa.
“O lucro líquido do último ano é equivalente a todo o dinheiro que o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia tem para financiar a pesquisa e o desenvolvimento da ciência no país. É muito dinheiro. O país recebeu R$ 32 bi pela venda da Eletrobras. Descontando tudo, considerando apenas o lucro líquido, em seis anos eles recuperarão esse investimento, graças a uma empresa que levamos cinco décadas para formar”, destacou Girão.
Fonte: Rodrigo Mariano/Senge-RJ
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