Metas do Milênio e Desafio e Oportunidades do Pós-Crise Internacional foram os temas do primeiro painel da manhã desta segunda-feira, dia 24. Com o objetivo de discutir uma agenda mundial e prospectar uma visão de futuro, o painel ainda contou com a presença da oficial de avaliação e monitoramento do PNUD Brasil, Ana Rosa Soares; da presidente da Federação Mundial de Organizações de Engenharia, Maria Pietro Lafargue.
Implantadas em 2000, as Metas do Milênio representam um acordo de cooperação multilateral, com oito objetivos. “O Brasil avançou muito no cumprimento das metas, por exemplo, na erradicação da pobreza, com a implantação dos programas sociais”, explicou Ana Rosa. Apesar da complexidade dos objetivos, o Brasil tem dificuldades para combater a mortalidade materna. “Precisamos enxergar de maneira estratégica o trabalho feminino e valorizar o papel da mulher na sociedade. Outro objetivo complexo é a universalização do saneamento básico até 2015. 16 estados brasileiros não conseguiram reduzir em 50% a quantidade de pessoas sem acesso à água e a esgoto. Mais uma vez, falta uma visão estratégica, mais do que recursos financeiros”, ela enfatizou.
O pós-crise
Embora não extinta, o mundo ainda vive os efeitos da recente crise que atingiu o sistema financeiro. “Esta é uma das maiores crises vividas pela economia mundial e os países têm muitos desafios a enfrentar. É preciso estimular a troca de conhecimento e tecnologia para absorver problemas globais e, assim, possibilitar uma inovação produtiva”, afirmou Maria Pietro. A quebra do sistema financeiro levantou muitas questões e a atual lógica social foi colocada em xeque. “Precisamos pensar em novo modelo de globalização, de modo a transformar conhecimento em desenvolvimento social e estimular o respeito ao meio ambiente”, provocou.
Ainda segundo Maria Pietro, não há como desconectar desenvolvimento tecnológico dos problemas sociais. “Estamos vivendo uma complexidade dinâmica na globalização e estão colocados importantes desafios: o combate à corrupção; a desigualdade demográfica; a distribuição de renda e um desenvolvimento sustentável e a engenharia brasileira tem uma grande oportunidade nesse processo”, concluiu. Nesse sentido, o Brasil tem compromisso com a sociedade. “O País tem crescido após anos de sucateamento e o governo tem tomado decisões acertadas para enfrentar a crise com a retomada de investimentos públicos, o aumento dos salários e a ampliação das obras de infraestrutura”, apontou o presidente da Fisenge, Carlos Roberto Bittencourt, que também integrou a mesa de debates.
De acordo com Bittencourt, a estagnação de 25 anos da economia brasileira, fez com que muitos engenheiros se afastassem da profissão. “No entanto, existem áreas específicas da categoria em que faltam profissionais, como por exemplo, engenheiros projetistas. É necessário investir em qualificação e formação profissional, principalmente, nas áreas de maior demanda profissional”, acrescentou.
Camila Marins