Acampamento Nacional do MST realiza ato em defesa do petróleo

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Os três mil integrantes do MST e de outros movimentos sociais que integram a Via Campesina fizeram um ato nesta segunda-feira (17/8) em defesa do petróleo e da soberania nacional, no Acampamento Nacional por Reforma Agrária, em Brasília.

Também participaram da atividade trabalhadores petroleiros e o ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, que integra o Instituto de Eletrotécnica e Energia, Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia, Universidade de São Paulo (USP).

Os sindicatos de petroleiros, movimentos sociais e centrais sindicais fazem a campanha “O Petróleo tem que ser nosso”, que articula mais de 30 entidades na luta por uma nova Lei do Petróleo, que garanta o controle popular sobre as reservas brasileiras.

“Temos a possibilidade de nos tornar a maior potência petroleira do mundo e precisamos fazer uma campanha cívica em defesa do petróleo”, defende o integrante da coordenação nacional do MST, Joba Alves. O governo federal tem discutido internamente um novo marco regulatório para o petróleo, que deve ser anunciado ainda neste mês. “A discussão nos gabinetes nunca nos favoreceu. Só vamos enfrentar essa pressão com o povo na rua”, avalia Joba.

Sauer propõe que, antes de qualquer medida, o governo encomende um estudo para a Petrobras sobre o local, a abrangência e a quantidade de petróleo existem no pré-sal, que até agora são desconhecidos. “Não dá para fazer um modelo sério para a exploração do petróleo sem saber quanto tem e onde está”.

O ex-diretor da Petrobras defende também o fim dos leilões de bloco de petróleo. “Não se leiloa mais nenhum pedaço do território brasileiro para tirar petróleo”, apregoa. Segundo ele, é preciso criar um fundo social soberano para garantir que os recursos levantados com a exploração do pré-sal sejam investidos nas áreas sociais. “O lucro do petróleo deve ir para um fundo constitucional para fazer a Reforma Agrária e as mudanças no Brasil”.

O secretário de imprensa e comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Marluzio Ferreira Dantas, acredita que o petróleo pode ser o início de uma grande luta pela soberania nacional. “O petróleo tem que gerar emprego e renda no nosso país, para o nosso povo”, defendeu. Para ele, todas as entidades devem fazer um esforço para convencer o povo a lutar para garantir o controle sobre o óleo negro.

“Quem criou o monopólio estatal e a Petrobras foi o povo na rua”, disse o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancela. Ele destacou que “o MST e a Via Campesina são os maiores aliados nessa luta”.

“O pré-sal pode resolver todas as mazelas do povo brasileiro, como a Reforma Agrária”, projeta Cancela. “Não podemos deixar que empresas multinacionais, que levaram o pau-brasil, o ferro e o ouro, levem o nosso petróleo”.

Aula

Sauer apresentou um histórico do desenvolvimento da sociedade, desde o tempo da caça e pesca, passando pelo feudalismo e pela Revolução Industrial, até chegar à Era do Petróleo.

“Não existe fonte de energia tão barata e com alto grau de lucratividade como o petróleo”, avalia Sauer. Segundo ele, a Petrobras investe em torno de 10 dólares para tirar um barril de petróleo, que custa 70 dólares no mercado internacional.

“Há uma relação direta do controle de todas as formas de energia e o controle da terra”, explica Sauer. “Só há soberania com o controle da energia e da terra. Precisamos estar todos juntos para restaurar a dignidade do povo brasileiro e construir um país mais justo”.