“A reforma política é central na luta dos trabalhadores”, Paulo Bubach

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Foi no final da década de 1990, exatamente em 1999, que o engenheiro civil Paulo Bubach assumiu a presidência da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge). A eleição aconteceu durante o 5º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), em Recife. Bubach foi reeleito no 6º Consenge, em Aracaju, e exerceu o mandato até abril de 2004, quando assumiu o projeto “Pensar o Brasil”, no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Qual era a conjuntura brasileira quando assumiu a presidência da Fisenge?

O final da década de 1990 foi um período terrível para os brasileiros e para a engenharia. Isso porque predominava com muita força a concepção neoliberal de governo. Dentro dessa avaliação, havia o entendimento de que o remédio para combater crises externas era a recessão.

Quando o país não cresce, a primeira categoria a sentir os impactos é a engenharia, que trabalha diretamente no setor produtivo. Seguindo uma política de Estado mínimo, ou seja, um estado praticamente sem intervenção, as empresas estatais foram depreciadas e muitas privatizadas. E não havia investimento em infraestrutura. Nessa época, as lutas maiores eram contra o arrocho salarial e contra as privatizações.

Quais foram as principais lutas das quais a Fisenge participou nessa época?

Conseguimos barrar algumas privatizações e numa luta política mais ampla, lutamos firmemente contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que queria transformar o Brasil em mercado dos EUA. Também estivemos presentes contra a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país.

20 anos depois, o que mudou?

Hoje, vivemos uma conjuntura radicalmente diferente da década de 1990. O país começou a valorizar o mercado interno, investir em infraestrutura (saneamento, habitação, transportes) e há uma demanda maior por engenheiros. O Brasil ainda carece de ações mais ousadas nas políticas públicas, pois muito ainda tem que ser feito. Tenho acompanhado a luta da Fisenge pela reforma política e a considero central e estratégica para o avanço do país. Existem setores que não querem a reforma do sistema político, que estão vinculados a interesses de mercado. Precisamos lutar para que o Brasil não retroceda.