Episódio do “Fala, Engenheira” discute o Papel da Profissão nos Movimentos Sociais e na Agroecologia

O podcast “Fala Engenheira”, uma produção do Coletivo de Mulheres do Senge-PR, dedicou seu último encontro mensal a uma discussão sobre a interseção entre a Engenharia, o protagonismo feminino e a atuação nos movimentos sociais. O episódio, conduzido pela engenheiras Maria Wanda e Edilene Andreiu, diretoras do Senge-PR, reuniu as engenheiras florestais Cláudia Sonda, do IAT, Jeniane Lima, e Ednubia, jornalista do MST, para debater como o conhecimento técnico se transforma em ferramenta de luta por um desenvolvimento sustentável e mais igualitário. 

A conversa, que manteve um clima leve e acolhedor, rapidamente se aprofundou nas motivações pessoais das convidadas, explorando o que as levou a conciliar a profissão com o engajamento em causas sociais. As engenheiras e a jornalista compartilharam momentos marcantes de suas trajetórias, onde a superação pessoal se fundiu ao impacto social gerado pela aliança entre a profissão e os movimentos.

No cerne do debate, Edilene Andreiu questionou o papel da Engenharia, uma área vasta, dentro do não menos amplo universo dos movimentos sociais. Para as convidadas, a profissão é um elemento estratégico, especialmente quando se fala em diversidade da produção e agroecologia. As participantes concordaram que a Engenharia é determinante para modelos sustentáveis que buscam reequilibrar a relação entre sociedade e natureza. No entanto, Maria Wanda apontou um desafio central: a implementação prática dessas propostas no campo, onde o conhecimento acadêmico da Engenharia, como enfatizou Ednubia, precisa obrigatoriamente dialogar com a realidade e os saberes populares das famílias que trabalham diretamente na terra.

O bloco seguinte se concentrou na formação e no futuro das engenheiras neste contexto. As convidadas destacaram que a diversidade produtiva demanda um contingente técnico muito maior do que a monocultura, colocando a Engenharia em um papel essencial na luta por uma produção sustentável e um convívio mais equilibrado com o meio ambiente. Maria Wanda trouxe à tona a questão de gênero, questionando os momentos em que as profissionais se sentiram compelidas a provar sua capacidade em espaços dominados por homens, como a Engenharia ou a carreira política, evidenciando as barreiras que persistem para as mulheres.

Ednubia, ao relatar o cenário no MST, confirmou o crescimento da presença feminina em áreas de protagonismo, como a agroecologia e a comunicação. Ela ressaltou que há um diferencial notável quando as mulheres assumem a liderança desses processos. As principais áreas de atuação das engenheiras dentro do movimento foram detalhadas, com exemplos concretos de como essa intervenção tem transformado a vida das comunidades. A discussão se estendeu à formação, com conselhos valiosos para jovens engenheiras que buscam se engajar, mas ainda hesitam em dar o primeiro passo. Para Cláudia e Jeniane, as demandas mais urgentes da luta pela reforma agrária e pelo fortalecimento da agroecologia são campos naturais onde a Engenharia pode e deve ser uma aliada fundamental.

O episódio se encerrou com uma celebração do papel transformador da Engenharia nos movimentos sociais, contribuindo para a luta por território, agroecologia e produção sustentável. Maria Wanda finalizou o programa com uma reflexão emocionada, parafraseando a Grande Mestra Ana Maria Primavesi, afirmando que a atuação na agricultura camponesa e agroecológica “já não é uma profissão, mas uma paixão pela natureza, pela vida verdadeira, pelo nascer, crescer, florir e madurar, com toda a sua riqueza e abundância.” O encerramento, feito por Edilene, reiterou o prazer da troca e o objetivo de inspirar reflexões sobre a trajetória de mulheres que fortalecem a representatividade e o protagonismo feminino não só nas engenharias, agronomias e geociências, mas em toda a sociedade.

O podcast “Fala Engenheira” é uma produção do Coletivo de Mulheres do Senge-PR, contando com o apoio da Mútua. O episódio completo está disponível nas plataformas de áudio, e o trabalho do coletivo pode ser acompanhado pelo Instagram acessando aqui.

Fonte: Senge-PR