Aconteceu, nesta segunda-feira (5/6), um ato pela retomada da Eletrobrás pelo governo federal, no Centro do Rio de Janeiro. Organizada pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), do qual a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) faz parte, a manifestação contou com mais de 400 pessoas, entre trabalhadores, parlamentares, sindicatos e movimentos sociais.
De acordo com o engenheiro e diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Agamenon Oliveira, os meios de comunicação privados constroem uma narrativa em favor da privatização da empresa, alegando hipertrofia estatal. “Mas isso não é verdade. Os países mais desenvolvidos, como Alemanha e França, estão reforçando a participação do Estado para a transição energética. Se o processo de privatização não for revertido, o preço da energia vai ser controlado pelos especuladores e não haverá política de reindustrialização com o insumo mais importante controlado pelo mercado”, explicou Agamenon que ainda enfatizou que o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) poderia ser o protagonista central para o desenvolvimento de tecnologias voltadas para uma economia de baixo carbono e de biodiversidade.
O ato aconteceu no dia mundial do meio ambiente. Agamenon ainda alertou que a política ambiental enfrentará mais um obstáculo que é ter a maioria das usinas hidroelétricas e os múltiplos usos da água nas mãos privadas. “Estará também configurada a dilapidação vergonhosa do patrimônio acumulado pelo povo brasileiro desde 1962, ano de fundação da Eletrobrás, por um grupo de aproveitadores que além de aumentar seus salários de 50 mil pra 300 mil está querendo abocanhar os 40 bilhões de reais dos fundos de pensão dos trabalhadores”, denunciou.
Com faixas em mãos, os trabalhadores e as trabalhadoras pediram a destituição de toda alta cúpula da Eletrobrás e do seu respectivo Conselho de Administração, e ainda denunciaram que a privatização foi uma manobra conduzida pela 3G Radar, acionista privada de Jorge Paulo Lemman que hoje manda na Eletrobras e recentemente quebrou a Light e as Lojas Americanas.
Os manifestantes reivindicaram investigação rígida do processo de venda da Eletrobras e das consultorias contratadas sem transparência pela direção da companhia. Nas falas, mais denúncias sobre ataques aos fundos de pensão, destruição do CEPEL, altos salários dos administradores, demissões de trabalhadores, perseguição, precarização das condições de trabalho e acidentes fatais nas áreas operacionais da Eletrobras pós-privatização.
As lideranças também declararam total apoio ao ingresso do presidente Lula e da AGU (Advocacia Geral da União) no STF pela Ação Direta de Inconstitucionalidade 7385, que visa fazer valer o voto proporcional da União na Eletrobras com as ações que tem da empresa. A União detém 43% das ações, mas o poder de voto é restrito à 10%.
Estiveram presentes a deputada estadual Marina do MST (PT); deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ); o deputado federal Reimont (PT/RJ); e o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Além de eletricitários, aposentados e dirigentes sindicais de todo o Brasil, estiveram presentes as centrais CUT e CTB, as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, os petroleiros com a FUP e a FNP, os Moedeiros, os marítimos e diversos movimentos sociais como MST, MAB, Movimento do Povo, MPA, Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia.
Fisenge com informações do boletim do Coletivo Nacional dos Eletricitários
Foto: Renan Costa/FNU