A diretora da instituição, Cláudia Morgado, reconheceu que 70% de reprovação não é normal. Ela participou da aula inaugural do Curso de Cálculo André Rebouças, criado por estudantes para apoiar alunos cotistas e combater o racismo institucional.
A diretora da Escola Politécnica da UFRJ, Cláudia Morgado, anunciou aos mais de cem estudantes presentes à aula inaugural do Curso André Rebouças, no Centro de Tecnologia, nesta terça-feira (11), que vai promover mudanças urgentes na disciplina de cálculo. Ela reconhece a anormalidade nas altas taxas de reprovação no curso, que também influem diretamente na maior evasão de alunos negros, configurando uma forma de racismo institucional.
“Não pode ser normal reprovar 70% da turma; e pior, sistematicamente”, admitiu a professora. “Não é um fenômeno que acontece pontualmente em um semestre. E esse alto índice de reprovação chegou a níveis insuportáveis.”
O Curso André Rebouças é um projeto de apoio pedagógico para alunos cotistas de Engenharia, organizado por estudantes da UFRJ, em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), o Clube de Engenharia e a Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA-RJ. Está no seu segundo ano de realização.
Uma pesquisa recente da Pró-Reitoria de Graduação da UFRJ mostrou que, nos cursos de Engenharia da universidade, a taxa de sucesso na formação dos alunos negros é de aproximadamente 42%, enquanto a dos alunos brancos é de quase 90%.
A deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ), integrante da mesa do evento, apontou a questão racial. “A disparidade nos índices de sucesso e retenção dos estudantes negros mostra o racismo institucional que impera não apenas nas universidades, mas em diversas instituições no nosso país”, afirmou a parlamentar. Também participaram da abertura do curso a deputada Elika Takimoto (PT-RJ) e Olímpio Alves dos Santos, presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ).
Os organizadores do curso André Rebouças consideram a decisão da direção da Escola Politécnica, de alterar o conteúdo da disciplina, uma vitória histórica para os estudantes de Engenharia que há décadas reivindicam mudanças no ensino para reduzir as reprovações e aumentar a permanência dos estudantes negros e de baixa renda.
Fonte: Senge-RJ
Foto: Carolina Gaia (@gaiagambiarra)