O Conselho de Administração da Petrobras acatou pedido formal do Ministério de Minas e Energia para suspender imediatamente a privatização de 32 ativos que haviam sido colocados à venda pelo governo Bolsonaro, mas manteve o desinvestimento de outros seis que já estavam com contratos pré-assinados.
A decisão do CA não suspende a privatização da Lubnor (CE), dos Polos Pescada e Potiguar (RN) e dos Polos Norte Capixaba, Golfinho e Camarupim (ES). Ou seja, os indicados da gestão bolsonarista, que ainda integram o Conselho da Petrobras, votaram contra a orientação do governo Lula e a favor da decisão dos diretores entreguistas que estão deixando esta semana o comando da estatal.
“Conseguimos, depois de muita pressão, impedir a venda de outros ativos, mas, infelizmente, o atual CA da empresa está alinhado com o governo anterior e insiste em entregar polos importantíssimos para a Petrobras e para o país, principalmente para o Nordeste”, lamenta Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
“O presidente Lula quer retomar a Petrobras para o povo brasileiro, mas enquanto esse conselho estiver nas mãos de pessoas alinhadas ao bolsonarismo, fica difícil o governo ter avanços nessa área”, alerta.
Petroleiros seguem mobilizados
A pressão da categoria petroleira, que segue mobilizada contra as privatizações, tem sido fundamental para fortalecer as articulações que a FUP vem fazendo junto à nova gestão da Petrobrás e ao governo Lula, cobrando o compromisso com a reconstrução da empresa.
A paralisação do último dia 24, os atos da terça (29) e o indicativo de estado de greve que está sendo aprovado nas assembleias, todos esses movimentos foram decisivos para que o CA, mesmo com uma composição bolsonarista, acatasse a orientação dada pelo MME e suspendesse a venda de 32 dos 36 ativos que estavam com privatização aprovada pelo governo anterior.
A FUP e seus sindicatos continuam mobilizados, buscando outros caminhos para barrar a entrega da Lubnor e dos cinco Polos do Espírito Santo e do Rio Grande do Norte que não tiveram a venda suspensa. A decisão em relação a esses ativos será dada na Assembleia Geral Ordinária dos acionistas da Petrobrás, que está prevista para o próximo dia 27 de abril.
“A categoria petroleira sempre esteve e estará na luta em defesa da Petrobrás, da exploração equilibrada do petróleo e do gás natural no Brasil, garantindo o desenvolvimento da indústria nacional e a geração de mais e melhores empregos em nosso país”, afirma o coordenador da FUP. Ele ressalta que, mais do que nunca, é fundamental que os trabalhadores sigam mobilizados e prontos para novas paralisações.
Revisão do planejamento estratégico
Bacelar chama atenção para a urgência da Petrobrás alterar o seu planejamento estratégico. A FUP pretende contribuir, apresentando propostas, conforme afirmado durante reunião com o presidente da empresa, Jean Paul Prates, realizada em janeiro, com participação de toda a diretoria da entidade. Na ocasião, a Federação apresentou ao presidente da Petrobrás documento com sete eixos defendidos pelos petroleiros para reconstrução da estatal.
“Sabemos que é normal o plano estratégico de qualquer empresa ser revisto quando mudam os gestores, principalmente quando falamos da Petrobrás, que é uma sociedade de economia mista e exerce uma atividade econômica essencial. É absolutamente legítimo a União, como acionista majoritária da empresa, pedir a paralisação de todos os desinvestimentos da companhia, já que isso está na contramão do projeto do atual governo”, afirma o coordenador da FUP.
Fonte: FUP
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil