Para mulheres cientistas, ascender na carreira ainda é um desafio

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A trajetória de Luciene da Silva Santos é um exemplo de superação que marca muitas histórias das mulheres cientistas brasileiras. Nascida num subúrbio de Salvador (BA), filha de um mestre de obras e de uma dona de casa, estudou a vida inteira em escolas públicas até chegar a ser membra permanente do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Os obstáculos não foram pequenos no seu caminho. “Trabalhei ininterruptamente, casei-me, tive as minhas filhas e me divorciei”, relembra. A carreira acadêmica também foi atravessada de “enfrentamentos associados ao gênero e raça”, revela. Atualmente, Luciene coordena o Laboratório de Tecnologias Energéticas da UFRN, com a presença de vários bolsistas da CAPES. A professora usa seu papel protagonista na instituição para estimular outras estudantes a seguirem o sonho de uma carreira científica: “A superação de obstáculos, deve ser a meta de todas as pesquisadoras, buscando um futuro mais promissor, com a realização de seus melhores sonhos”.

Para que histórias como a de Luciene não sejam trajetórias de exceção, no dia 11 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.  A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, tem objetivo de incentivar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, particularmente, do ponto de vista educacional, acadêmico e científico.

No Brasil, a participação das mulheres na Ciência é crescente e notável em todas as áreas. Segundo dados da CAPES em relação ao ano base de 2021, 54% dos estudantes em cursos de pós-graduação são do sexo feminino. Dos 405 mil alunos de mestrado e doutorado no Brasil, 221 mil são mulheres.  Elas também são maioria entre os beneficiários de bolsas: dados de 2020 mostram que as pesquisadoras representam 58% do total de bolsistas stricto sensu da Fundação.

Embora sejam maioria numérica, pesquisadoras ainda lutam por mais respeito e oportunidades em ambientes majoritariamente masculinos. Entre os professores dos cursos de mestrado e doutorado, 57% são homens.  A presidente da CAPES, Mercedes Bustamante, define esse fenômeno como “telhado de vidro”: barreiras e obstáculos que impedem mulheres de ascender aos níveis mais altos da carreira acadêmica, apesar da competência e da qualificação técnica.

Para a presidente da CAPES, o atual momento de retomada dos investimentos em educação, ciência e tecnologia no país também deve ser aproveitado para o apoio e o estímulo para que mais mulheres adotem a carreira científica e possam progredir para posições de liderança. “É muito importante que a sociedade, as agências e as universidades se mobilizem para favorecer a ascensão das mulheres, por meio de atividades afirmativas, para que elas possam constituir as lideranças do sistema nacional de ciência e tecnologia”, ressalta.

 

Fonte: CGCOM/CAPES

Foto: Mercedes Bustamante, presidente da CAPES (Foto: William Santos – CGCOM/CAPES)