A pandemia do novo coronavírus aprofundou o abismo da desigualdade social entre negros e não negros no Brasil e o racismo estrutural, com suas práticas discriminatórias, institucionais, históricas e culturais, segrega negros no mercado de trabalho, atingindo diretamente a maioria da população do país, onde 56,1% das pessoas são negras.
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Boletim do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta sexta-feira (19), mostra que aumentou a desigualdade entre negros e não negros no mercado de trabalho durante a pandemia.
Entre o 1º e o 2º trimestre de 2020, um total de 8,9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras perderam o emprego ou deixaram de procurar por achar que não conseguiriam recolocação. Deste total, 6,4 milhões (71,4%) eram negros ou negras e 2,5 milhões não negros.
O Dieese analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ao comparar os segundos trimestres desse ano e de 2020, o Dieese mostra que, em 2021, havia 2,9 milhões de negros ocupados a mais do que no ano passado – o equivalente a 47,0% do 1º trimestre de 2020.
“Para os não negros, os impactos da crise sanitária foram menores: dos 2,5 milhões que perderam as ocupações entre o 1º e o 2º trimestre de 2020, 59% voltaram a trabalhar em 2021”, diz o boletim.
Para os negros, a taxa de desemprego é sempre maior do que a dos não negros. Enquanto para os homens negros, ficou em 13,2%, no 2º trimestre de 2021, para os não negros, foi de 9,8%. Entre as mulheres, a cada 100 negras na força de trabalho, 20 procuravam trabalho, proporção maior do que a de não negras, 13 a cada 100.
Confira aqui a íntegra do relatório do Dieese sobre o Boletim Especial.
Fonte: CUT
Foto: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL