14 de fevereiro de 1935. Dois anos depois do presidente Getúlio Vargas regulamentar a profissão do engenheiro. Oito anos antes da Consolidação das Leis Trabalhistas. Surgiu em Pernambuco, o Sindicato dos Engenheiros. Com perfil assistencialista, agia como braço direito do Estado. Porém, não negava a defesa da categoria. Uma das pautas defendidas pela entidade era o combate ao emprego dos estrangeiros que ocupava as vagas dos brasileiros. O que era considerado uma ameaça à engenharia e ao mercado de trabalho nacionais.
14 de fevereiro de 2020. O Senge-PE completa 85 anos. O Brasil se encontra imerso em mais um período turbulento. A engenharia sofre, novamente, ameaças. Soberania nacional em risco. Há menos de um mês, o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que o país vai estimular a entrada de empresas estrangeiras no mercado brasileiro para concorrer a licitações governamentais. Nota-se que esse é apenas uma das consequências de um processo de desvalorização das empresas nacionais, atrelando-as à corrupção.
Entre os dois períodos citados, a engenharia brasileira viveu o auge do desenvolvimento econômico e a recente – e maior – crise da história do país. Se entre 2002 e 2013, a indústria de transformação e construção civil foram expandidas, gerando o crescimento do número de empregos formais e o aumento da renda do povo brasileiro. De 2013 em diante, afundados no desemprego, na desigualdade, na desindustrialização e na entrega das riquezas nacionais, os brasileiros lutam por uma qualidade de vida inalcançável e driblam a crise com subempregos, chamados de empreendedorismo, por alguns.
É perceptível que a engenharia é o motor da economia de todo país, pois gera emprego, renda e amplia a capacidade produtiva e de investimentos. Não há superação da crise sem valorização da engenharia nacional, com investimentos públicos em infraestrutura e uma economia com a presença do Estado e da soberania. É nesse sentido, que o Senge-PE tem se posicionado durante décadas. Em defesa da soberania nacional e pela valorização das engenheiras e dos engenheiros.
O cenário atual é de golpe, reformas que acabam com direitos trabalhistas, redução de investimentos do Estado em infraestrutura e sucateamento e mercantilização do ensino. A própria existência dos sindicatos tem sido questionada, assim como sua sustentação dificultada. Porém, a defesa da categoria, da engenharia e da soberania nacional não é uma luta individual. Em coletivo, o Senge-PE seguirá, resistindo e trabalhando em prol de cada engenheira e engenheiro, por mais várias décadas.
Ainda teremos muito o que comemorar. O 14 de fevereiro sempre será uma data responsável por renovar a força de uma entidade que sobrevive dos anseios da categoria e se orgulha de uma história de muita luta, muita resistência e muitas conquistas.
Fonte: Senge-PE