A partir de iniciativa da Frente Parlamentar em Defesa das Cidades e das Engenharias, a Assembleia Legislativa realizou, nesta quinta-feira (12), no Auditório Jornalista Jorge Calmon, um debate público sobre a construção do Sistema de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), no modo monotrilho. Proponente do encontro, a deputada Maria del Carmen (PT) destacou os benefícios do meio de transporte que substituirá o antigo trem, que se encontra em condições precárias. No evento, os debatedores esclareceram dúvidas e mostraram a importância do modal para o Subúrbio Ferroviário de Salvador.
“O Estado já havia feito outras reuniões, mas hoje trouxemos para esta Casa Legislativa técnicos do governo, os demais órgãos envolvidos e a população. As dúvidas foram sanadas, de modo a esclarecer como esse projeto vai beneficiar a população. O VLT trará um grande avanço para a mobilidade do Subúrbio Ferroviário, com mais conforto e segurança. Será um veículo mais rápido que mudará o transporte público”, ressaltou a petista.
Como estratégia de introduzir o tema, Bruno Dauster, secretário da Casa Civil, fez uma breve apresentação sobre o projeto. Segundo ele, a obra está prevista para ser iniciada em outubro deste ano, com previsão de conclusão das duas etapas em três anos. O projeto é viabilizado através de uma Parceria Público Privada (PPP), com a concessionária Metrogreen Skyrail da Bahia, formada pela BYD e Metrogreen. De acordo com representante do Executivo, somente a fase 1 terá um custo de R$ 1,5 bilhão, com investimento de R$ 100 milhões por parte do Governo do Estado.
No que tange à segunda etapa do projeto, o Governo da Bahia não terá que entrar com aporte financeiro. Bruno Dauster explicou que, apenas quando a obra for concluída, o Executivo terá que voltar a investir. “Isso significa que serão pagos R$ 75 milhões por quilômetro construído, um dos mais baixos custos que se teve registro no Brasil para implantação de VLT”, conta.
A expectativa é que o modal atenda, no mínimo, 150 mil passageiros por dia. O Veículo Leve Sobre Trilhos ligará a Ilha de São João, em Simões Filho, ao Comércio e ao Acesso Norte, em Salvador. A fase 1 contará com 21 estações, espalhadas em 19,2 km, que serão ampliados em mais 4,08 km, com outras 5 estações. Com estimativa de parada nas estações a cada 3 minutos, o VLT terá velocidade média de 30 km/h, podendo chegar a 80 km/h. Ele substituirá o atual sistema de trens que faz a linha da Estação da Calçada ao bairro de Paripe. “O VLT vai trazer imensos benefícios para a cidade, e apenas um elemento de poluição visual pelo fato de ser elevado”, afirmou.
O titular da Casa Civil, acompanhado do diretor-presidente da Companhia de Transporte do Estado da Bahia (CTB), Eduardo Copello, respondeu aos questionamentos dos moradores do Subúrbio. As perguntas contemplaram assuntos como impactos ambientais, a falta de uma maior participação da sociedade na construção do projeto, a necessidade de transferência de tecnologia da empresa chinesa para a engenharia civil baiana, além dos impactos na vida dos rodoviários e ferroviários, da expansão do sistema, e da capacitação de profissionais para a operação do sistema que será implantado.
Morador do Subúrbio de Salvador, o líder comunitário Cléribe dos Santos Rocha indagou sobre as desapropriações. “A minha dúvida é saber para onde as pessoas serão levadas. Construímos uma vida no Subúrbio e as pessoas querem continuar morando lá”, disse. Bruno Dauster afirmou que as invasões serão na faixa de domínio do antigo trem. Estudos apontam que cerca de 350 unidades serão desapropriadas, mas com as indenizações devidamente pagas aos proprietários.
O deputado Hilton Coelho (PSOL) aproveitou para criticar o aumento na tarifa. “Hoje o valor pago é de 50 centavos. A tarifa vai aumentar em oito vezes o valor do transporte. Além disso, a obra prevê quase 3 anos de paralisação do trem. Como ficará a população?”, questionou.
A também deputada estadual, Olívia Santana (PC do B) chamou a atenção para a necessidade de melhoria do acesso à população. A parlamentar ressaltou que a dificuldade de locomoção tem sido fator de exclusão dos moradores do Subúrbio Ferroviário. “Já soube de empresas que selecionam funcionários pelo endereço. Quando vêm que o candidato mora no Subúrbio, muitas vezes não dão oportunidade, imaginando que eles irão se atrasar ou não conseguirão comparecer ao trabalho. Isso precisa mudar”, enfatizou.
Também participaram do debate a superintendente de Mobilidade, Grace Gomes, que no ato representou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano; o presidente do Crea-BA, Luís Edmundo Prado de Campos; a liderança do Subúrbio Ferroviário Idelmário Proença; vereador Marcos Mendes; o representante do Sindicato dos Engenheiros, Alan Yukio Hayama e membros da comunidade.
Fonte: Alba