Cerca de 30 mil protestam em frente ao Palácio do Iguaçu.
“A data-base é dívida. Ratinho vai ter que pagar”, cantam os grevistas do estado do Paraná no II ato unificado. Trabalhadores estão em greve desde o dia 25. O governador ofereceu 0,5% em 2019, mas a porcentagem foi rejeitada. Agora esperam uma nova proposta do governo. O ato conta com a participação de pelo menos 30 mil pessoas de todo o estado, de acordo com os organizadores. A mobilização é organizada pela Federação das Entidades Sindicais (FES) e sindicatos e associações da segurança pública.
A manifestação teve início na Praça do Homem Nu e da Mulher Nua. Pelo menos 70 ônibus vieram do interior para participar do ato. Os alvos principais do protesto foram o governador Ratinho Júnior (PSD) e o secretário de Educação, Renato Feder. O secretário é acusado de gastos excessivos em diárias.
O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) pediu a exoneração de Feder por incompetência. Para ele, a relação com o governo do estado é nebulosa. “Feder é ligado à rede privada de educação e tem falado publicamente contra ensino público, universal e de qualidade. Ele defende voucher para acabar com a escola pública e que as escolas privadas possam receber do governo, em uma forma de os estudantes. Isso é um absurdo, pois é o Estado pagando para a iniciativa privada fazer aquilo que é sua obrigação “, avalia.
“ELE TEM FEITO UMA SÉRIE DE VIAGENS EM NOME DA SECRETARIA QUE GASTA EM QUATRO MESES MAIS DO QUE A ANTIGA SECRETARIA GASTOU EM TODO ANO. EU DEFENDO A EXONERAÇÃO DE FEDER E ESTOU PROTOCOLANDO UM PEDIDO DE INFORMAÇÕES AO GOVERNO DO ESTADO QUE ELE ESPECIFIQUE AS DIÁRIAS GASTAS NO PRIMEIRO SEMESTRE E AS JUSTIFICATIVAS”, COBRA O DEPUTADO.
Mobilização
Os servidores estão há três anos sem reajuste, totalizando 17% de perdas. Todavia, a pauta pede apenas a reposição inflacionária do período de 4,94%. “O governador deve apresentar uma proposta decente e não essa que não paga a inflação”, comenta a funcionária de escola e diretora da APP Sindicato, Nádia Brixner.
Já a diretora Jaqueline, do Sindsaude, destacou que a luta é unificada e é uma resposta a proposta imoral de Ratinho e contraria a PL 04/19, que limita recursos públicos. Ela também expôs as condições de trabalho e pediu a saída da Fundação Privada que gerencia hospitais públicos do Paraná. “Xô, Funeas. A população merece saúde de qualidade. Faltam recursos para manter o serviço”.
O presidente do Sindarspen, Ricardo Miranda também comentou as reivindicações dos agentes penitenciários, policiais militares e civis. “Pedimos a reposição da inflação para manter pelo menos o poder de compra. Quando o governo não paga, ele está reduzindo o salário dos servidores. O governo está tirando do nosso bolso e dando aos empresários e latifundiários. Ratinho está abrindo mão de R$ 10 bilhões em 2019 e R$ 55 bilhões em cinco anos via renúncia fiscal. Sendo que apenas R$ 3 bilhões pagaria nossa data-base neste ano”, compara. A cada R$ 2,76 de renúncia fiscal, apenas R$ 1 volta em investimento.
Segundo informações do Porém.net, R$ 55,3 bilhões é o valor que o governo do Paraná pretende deixar de arrecadar em 5 anos com a renúncia fiscal. Apenas em 2019, essa renúncia de receita prevista é de R$ 10,5 bilhões, o que equivale a 27,5% da Receita Corrente Líquida (RCL) e que poderia garantir o pagamento do reajuste do funcionalismo público.
Recesso parlamentar
A Assembleia Legislativa do Paraná entra em recesso a partir da semana que vem até o começo de agosto. Neste período não ocorrem votações na Casa. Mas ainda é possível que a mesa diretora faça uma convocação extraordinária aos deputados.
Fonte: Senge-PR / Texto: Manoel Ramires, jornalista do Senge-PR /Fotos: Gibran Mendes