ARTIGO: Harmonia de gênero na área tecnológica

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Lúcia Vilarinho*

As lutas das mulheres brasileiras por direitos e igualdade já duram mais de 100 anos. Ao longo do tempo, foram conquistados muitos direitos que antes eram destinados apenas aos homens.

A construção dos direitos das mulheres teve início com a conquista das leis trabalhistas. O livro “Os direitos das mulheres: feminismo e trabalho no Brasil (1917-1937)”, de Glaucia Fraccaro, publicado pela FGV Editora, pontua a importância do Decreto do Trabalho das Mulheres, de 1932, que estipulou a licença-maternidade, proibiu a desigualdade salarial e regulou a jornada do trabalho feminino.

A luta pela igualdade de gênero vem se intensificando ao longo da história, exigindo que, numa sociedade, homens e mulheres gozem das mesmas oportunidades. Numa área predominantemente ocupada por homens, como é o caso da Engenharia, podemos afirmar que esse abismo vem diminuindo. Mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Um levantamento feito pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), maior conselho profissional do Estado, aponta que em 2015 havia cerca de 3.600 mulheres registradas na instituição, o que representava 14% do total de profissionais com registros ativos. Em 2019, esse percentual subiu para 21,6% de mulheres registradas, conferindo um crescimento de mais de 7%.

Apesar das mulheres serem maioria na população, a participação feminina na área tecnológica ainda é tímida, mas sabemos que a mulher conta com aspectos peculiares, capazes de reverter esse cenário. Ela representa a sensibilidade, os cuidados nos detalhes e na construção de cada projeto. Por isso, acredito na importância da atuação e do engajamento das mulheres.

No dia 23 de junho é comemorado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. A data foi criada pela Women’s Engineering Society (WES), do Reino Unido, e tem o objetivo de fortalecer o espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão.

Como engenheira civil e primeira mulher a presidir o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) em 59 anos de existência, sinto que é o momento de ampliarmos a nossa participação. Por isso, estamos criando o Fórum Capixaba de Mulheres da Área Tecnológica.

O objetivo do Fórum é fomentar políticas institucionais e sociais voltadas para as mulheres, abrigando discussões em torno de temas como igualdade de gênero e paridade salarial, com intervenções no âmbito dos poderes municipal, estadual e federal, além de contribuir com nosso conhecimento técnico em favor do desenvolvimento da sociedade.

O Fórum pretende abranger as profissionais da área tecnológica inseridas em entidades de classe, associações, instituições de ensino, empresas, além de todas as mulheres que compartilham do mesmo sentimento de igualdade.

Essa é a contribuição que nós, mulheres da Engenharia, da Agronomia e das Geociências, podemos dar para que possamos alcançar nossos objetivos e encurtarmos a distância nos resultados e nas relações de trabalho para, assim, chegarmos a um ambiente mais harmonioso e justo para todos.

 

*Lúcia Vilarinho é engenheira civil e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).