De quase 1.600 greves em 2017, 81% foram em defesa de direitos

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Dieese aponta presença maior de categorias consideradas mais vulneráveis, como os terceirizados, contratados tanto pelo setor privado como público

image_preview (360×226)

Terminal Parque Dom Pedro, em São Paulo, durante greve geral de 28 de abril de 2017: protesto contra perda de direitos

 De 1.566 greves acompanhadas pelo Dieese no ano passado, 1.269 (81%) tiveram caráter defensivo, ou seja, em defesa de direitos, por manutenção ou, principalmente, descumprimento de acordos. Embora seja 25% menor que no período 2013-2016 (2 mil, em média), o instituto lembra o número é “bastante superior” ao do período anterior a 2013 (em torno de 500 paralisações por ano). “Pode-se dizer que esse grande ciclo de greves, iniciado há alguns anos, ainda está em marcha”, afirma.

Mais da metade das greves registradas em 2017 (55,5%) referia-se a descumprimento de acordos, convenções coletivas ou legislação. Em 44% dos casos, a principal reivindicação era pagamento de salários atrasados, ou itens como férias, 13º e vales – esse percentual era de 20% em 2013. Quase um terço (32%) das paralisações foi por reajuste de salários ou pisos.

Os trabalhadores no setor público fizeram mais greves do que os da área privada: 814 e 746, respectivamente. O total de horas paradas superou 94 mil, sendo 65% referentes à esfera pública, que se dividiu em paralisações no funcionalismo (728) e empresas estatais (86). Segundo o Dieese, seis greves envolveram trabalhadores dos setores público e privado.

O instituto lembra que 2017, ano do centenário da greve envolvendo várias categorias em São Paulo, registrou três protestos nacionais contra as “reformas” trabalhista e previdenciárias: a greve de 15 de março, a greve geral de 28 de abril e o dia de protestos em 30 de junho. “Ao mesmo tempo, as principais características observadas nas mobilizações de 2017 – categorias de trabalhadores envolvidos e caráter das pautas de reivindicações – continuam a reafirmar a permanência do grande ciclo grevista que emergiu mais claramente a partir de 2012”, avalia o Dieese.

Trabalhadores mais vulneráveis

“Do ano de 2012 em diante, e progressivamente, trabalhadores de categorias profissionais mais vulneráveis, tanto da perspectiva remuneratória, quanto de condições de trabalho, vão se destacando como grandes protagonistas do ciclo grevista: os terceirizados que atuam em empresas contratadas pelo setor privado – como vigilantes, recepcionistas e encarregados de limpeza – e os terceirizados de empresas contratadas pelo poder público, como trabalhadores em coleta de lixo e limpeza pública, rodoviários do transporte coletivo urbano, enfermeiros e outros profissionais das Organizações Sociais de Saúde – OSS. Também tiveram notoriedade as paralisações promovidas por trabalhadores da construção envolvidos em grandes obras e por professores municipais na luta pelo pagamento do Piso Nacional do Magistério.”

Mais da metade (54%) das greves terminaram no mesmo dia, enquanto 16% duraram mais de 10 dias. Foram 544 (35%) com caráter de advertência e 949 (61%) por tempo indeterminado.

Segundo o Dieese, predominaram as greves por empresa ou unidade: 59% do total. E 41% abrangeram toda a categoria profissional. 

Das quase 1.600 greves registradas, 295 (19%) tinham informação sobre o número de trabalhadores envolvidos. Desse total, 59% reuniram até 200 empregados. Paralisações com mais de 2 mil trabalhadores representaram 6%.

 

Fonte: Rede Brasil Atual