Por Carolina Guimarães
Fruto do trabalho coletivo de entidades, movimentos sociais, organizações sindicais e políticas, o jornal Brasil de Fato tem se consolidado como símbolo de luta por uma comunicação democrática, inclusiva e popular. No dia 06 de dezembro, mais um passo dessa luta foi dado com o lançamento da edição zero do Brasil de Fato Bahia; homenageando o guerrilheiro Carlos Marighella e trazendo as pautas, as cores e o povo baiano para suas páginas, o tabloide foi lançado com um ato político e cultural na sede do Sindicato dos Engenheiros da Bahia.
Participaram do ato Carlos Augusto Marighella, o Carlinhos, filho de Carlos Marighella, e um dos entrevistados para o jornal, o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Salles, que contribuiu com uma das colunas e representantes do Senge-BA, Apub Sindicato, Sindipetro-BA, Sindae-BA, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial das Mulheres, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude, Partido dos Trabalhadores, Consulta Popular e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). A banda Minas do Projeto Popular e a rapper Amanda Rosa fizeram as intervenções artísticas.
Durante o ato, o diretor do Senge-BA, Allan Hayama falou sobre a satisfação da entidade em contribuir com um projeto alternativo de comunicação e a importância em fazer essa disputa. “É um orgulho participar de um jornal feito com o povo e para o povo. Vida longa ao Brasil de Fato e vida longa à classe trabalhadora”, disse. A vocação popular do tabloide também foi abortada por Carlinhos Marighella, que agradeceu por participar de mais uma homenagem ao pai, “um militante apaixonado pelo povo. Um jornal que quer ser popular tem total sintonia com Carlos Marighella”, afirmou. O reitor João Salles falou sobre sua coluna em defesa da universidade pública e sobre a urgência em continuar a defender a educação como espaço de liberdade, principalmente no contexto de crescente autoritarismo. Ele ainda expressou solidariedade ao reitor da UFMG, conduzido coercitivamente pela Polícia Federal naquele dia.
Após, houve uma mesa temática sobre democratização da comunicação e o papel do Brasil de Fato nesse contexto. Foram convidados/as Joaquim Pinheiro (Brasil de Fato Rio de Janeiro), Joana Tavares (Brasil de Fato Minas Gerais), Monyse Ravenna (Brasil de Fato Pernambuco) e, representando a Bahia, Jamile Araújo. Joaquim trouxe um resgate da história do jornal – que nasceu em 2013, no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre – sua transição de standard para tabloide, o surgimento do portal na internet e as experiências da rádio Brasil de Fato. “Eu acho que hoje a classe trabalhadora tem esse instrumento e cabe a nós o desafio de fazer ele avançar cada vez mais”, disse. Ao falar sobre a disputa da comunicação e seu papel estratégico na busca pela transformação da sociedade, Joana Tavares citou outra referência para a comunicação popular, o fundador do Núcleo Piratiginga de Comunicação, Vito Giannotti: “ele fala que o Brasil ainda tem casa grande e senzala e que ela se reproduz também na linguagem”. Joana enfatizou que o jornal precisa falar a linguagem do povo, criar identidade e assim se tornar relevante para fazer a disputa ideológica. “A gente tem essa teimosia de falar que isso [o jornal] é viável. Trabalhador lê jornal sim, e se for um jornal bonito, ainda mais. Ele vai querer ler, vai se enxergar e vai começar a criar público”, disse. Esse aspecto também foi abordado por Monyse Ravenna: “nós estamos fazendo jornalismo, não estamos fazendo panfleto. Temos cuidado na apuração, na diagramação, queremos ter boas fotos, porque o povo merece bom jornalismo”. Ela ainda trouxe notícias sobre os próximos lançamentos do tabloide no Nordeste: janeiro, em Sergipe, Paraíba, e Ceará em fevereiro. Jamile Araújo falou sobre o processo de construção do jornal na Bahia, os desafios para falar sobre um Estado com uma enorme extensão e fazer com que a publicação chegue às diversas regiões. Destacou também a importância da contribuição dos tabloides mais consolidados dos outros Estados e das organizações da Bahia que ajudaram na construção. “Fazer essa edição e esse lançamento, com a amplitude das organizações que construíram esse projeto mostra o potencial do Brasil de Fato como organizador coletivo”, disse.
Expediente da Edição Zero
Colaboração: Jamile Araújo, Edmilson Barbosa, Vitor Alcantara, Carolina Guimarães, Ivo Saraiva, Moisés Borges, Elias Malê, Gabriel Oliveira, Julia Garcia, Lorena Carneiro, Wesley Lima, Maíra Gomes, DJ Bonfim, João Salles, Allan Hayama, Gabriela Barros, Anaíra Lobo, Attila Barbosa, Rita Serrano, Magno Costa, Camila Mudrek.
Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032), Elen Carvalho
Revisão: Júlia Garcia
Diagramação: Diva Braga
Apoiadores: Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB), Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente na Bahia (Sindae), Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento Pela Soberania Popular na Mineração, Levante Popular da Juventude, Partido dos Trabalhadores, Marcha Mundial das Mulheres, Consulta Popular, Deputado Federal Valmir Assunção, Deputado Estadual Suplente Mário Jacó
Tiragem: 30.000 exemplares