Haroldo Borges Rodrigues de Lima descendia de famílias importantes da Aristocracia Brasileira. Descendia do Barão de Caetité e do Barão de Jeremoabo. O oitavo governador da Bahia republicana, José Manuel Rodrigues de Lima, era seu avô. Mas Haroldo se tornou, por opção, trabalhador em roças de cacau e se aproximou do povo brasileiro.
Na década de 1960, Haroldo Lima se tornou a principal referência da Juventude Universitária Católica no movimento estudantil da Bahia e do Brasil. Na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), ele e os colegas Severo, Paulo Mendes e Jorge Leal Gonçalves eram conhecidos como os três mosqueteiros — que, como na história de Alexandre Dumas, eram quatro. Eles pertenceram a uma geração que produziu lideranças e exerceu influência tanto no movimento estudantil quanto na vida cotidiana baiana, assim como Joviniano Soares de Carvalho Neto, Susana Alice Marcelino Cardoso, Sergio Gaudenzi, Fidelis Sarno, entre outros.
Haroldo Lima — junto a Almino Affonso, Aldo Arantes e Jorge Leal Gonçalves — estava entre as lideranças que fundaram uma importante organização política brasileira: a Ação Popular como organização independente da Juventude Universitária Católica. No final da década de 1960, a Ação Popular se aproximou do Marxismo e do Maoísmo, se transformando na Ação Popular Marxista Lenista (APML). Essa organização destacou-se na defesa da integração dos quadros oriundos da classe média com o campesinato e o operariado. Haroldo Lima, além de trabalhador em roças de cacau no sul da Bahia, também era engenheiro da GE – General Electric.
Na década de 1970, a APML realizou uma fusão com o PC do B e Haroldo Lima foi guinado ao Comitê Central. Nesse período, vários militantes valorosos do partido foram presos, torturados e mortos no Araguaia ou nos porões da ditadura, como o engenheiro eletricista e um dos três mosqueteiros Jorge Leal Gonçalves. Haroldo Lima, que vivia clandestinamente em São Paulo, foi preso, torturado e condenado a cumprir pena na penitenciária Lemos de Brito, em Salvador.
Em 1982, já anistiado, Haroldo Lima foi eleito deputado federal pelo MDB como participante da tendência popular, grupo que reunia os deputados Chico Pinto e Alencar Furtado. A partir da legalização do PC do B, Haroldo Lima foi deputado pela organização até 2002, quando se tornou candidato a senador na chapa derrotada de Jacques Wagner. No Governo Lula, ele foi diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), onde teve um papel destacado na defesa do pré-sal, da Petrobras e da Soberania Nacional.
A defesa da Soberania Nacional é uma marca de Haroldo Lima, que foi um patriota de verdade, comprometido com o povo brasileiro e os interesses nacionais. Em vista de sua vida e luta, Haroldo está ao lado de Tiradentes, Maria Quitéria, Joana Angélica, Getúlio Vargas, Marechal Henrique Teixeira Lott, João Goulart e Luís Carlos Prestes como heróis do povo brasileiro. Haroldo Lima faleceu nesta quarta-feira (24), vítima da Covid-19, mas seu legado permeará na sociedade.
Viva o Brasil e viva Haroldo Lima, um brasileiro exemplar.
Engenheiro Ubiratan Félix
Ex- Presidente do SENGE-BA
Fonte: Senge BA
Imagem: Arquivo / Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo