Em 2017 completam-se 100 anos de um evento histórico que redefiniu os caminhos da história contemporânea: a Revolução Russa. No meio da carnificina deflagrada pela 1ª Guerra Mundial, resultado de embates entre impérios, potências emergentes e poderosos interesses econômicos nacionais e internacionais, a Revolução Russa anunciou a possibilidade de uma nova era: de paz, de solidariedade entre os povos, mas também de fim de toda a exploração, discriminação, opressão – de classe, de raça, colonial, de gênero.
Embora estes objetivos não tenham sido alcançados, a repercussão da Revolução Russa foi universal. Entre as classes populares, nos sindicatos e partidos políticos, na juventude, em todos os continentes, em todos os países, na América Latina e no Brasil, ecoavam as mudanças radicais preconizadas pelos revolucionários russos: todo o poder aos sovietes, terra aos camponeses, fim imediato da guerra, controle operário, liberdade para as nações autodeterminarem seus destinos. Sob o lema: “Pão, Paz e Terra”, inaugurava-se um processo que iria abalar a História
Na luta contra o nazismo na segunda guerra mundial, nas lutas anti-coloniais, nas conquistas educacionais e culturais e nos avanços em termos de direitos igualitários a condições de vida nos países do chamado “socialismo real”, nos direitos trabalhistas e sociais conquistados nas sociedades capitalistas, o pensamento e a ação dos socialistas foram, sempre, fator decisivo. Mas, como se sabe, de outro lado, a história dos países do chamado “socialismo real” foi também uma história de autoritarismo, burocratização e culto à personalidade, de graves atentados à liberdade de organização e expressão, de perseguições e assassinatos de dissidentes, de irresponsabilidade ambiental, de apoio a regimes ditatoriais e de subordinação de partidos e movimentos de todo o mundo a interesses geopolíticos e econômicos do estado soviético.
O século XX, que começou com uma Grande Guerra e uma revolução, terminou assistindo ao ocaso das sociedades e estados do “socialismo real”, seguido, em quase todos os países que se proclamaram alguma vez “socialistas”, pelo restabelecimento das formas de produção e reprodução do capitalismo.
Para aqueles e aquelas que não abdicaram das lutas pela igualdade e pela liberdade, que ainda acreditam na História como um campo de possibilidades, inclusive de superação da miséria, da exploração, das desigualdades e de todas as formas de opressão e discriminação, os caminhos e descaminhos, encantos e desencantos da primeira experiência de construção do socialismo são ainda hoje objeto de controvérsia e debate.
Neste centenário há muito a celebrar, grandes feitos e heróicos combates a relembrar, realizações a registrar e resgatar, mas há muito a refletir, a pesquisar, a compreender e a avaliar: dogmas, conceitos, propostas e concepções a rever, e, sobretudo, novos caminhos a inventar para caminhar na direção de uma sociedade livre e igualitária, onde a aventura humana da solidariedade, do buen vivir e da liberdade possam ser uma experiência universal, compartilhada por homens e mulheres de todos os povos.
Frente aos desafios da contemporaneidade, aos que pretendem proclamar o “fim da história” e ignorar os anseios de mudança que não deixam de surgir, professores e pesquisadores de diferentes universidades reúnem-se a movimentos sociais num esforço integrado e cooperativo para celebrar o centenário do Ano que Abalou a História, olhando criticamente para o passado e vislumbrando os sinais e as promessas de futuro que estão presentes em nossa sociedade e em suas lutas.
Ao longo deste ano um conjunto de Universidades e entidades sindicais e da sociedade civil estão promovendo o ciclo !917-2017: O ANO QUE ABALOU A HISTÓRIA.
O primeiro evento deste ciclo será:
A REVOLUÇÃO E A AMÉRICA LATINA, de 20 a 22 de junho de 2017.
Será conferido certificado.
Inscrições AQUI.