Fugir de um trote universitário abusivo e violento e plantar boas ações para colher cidadania. Como fazer isso? Reunir em Londrina mais de 200 calouros de cursos das mais diversas modalidades de engenharia para ajudar realizar reparos e reformas no Núcleo Social Evangélico de Londrina (Nuselon), instituição que atende crianças e adolescentes, de bebês até jovens de 18 anos, em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social.
Realizada em abril deste ano, a ação, que foi promovida sob orientação da regional do Senge Jovem, é uma das sete iniciativas que teve o reconhecimento da Universidade Estadual de Londrina no Prêmio Boas Práticas Solidárias. A premiação, realizada na última sexta-feira (9), é o reconhecimento de atividades desempenhadas pelos ingressantes de graduação de 2017 junto à comunidade de Londrina.
Idealizadora da ação, a coordenadora do Senge Jovem em Londrina, Tayná da Silva, fala sobre como surgiu a motivação e como se desenvolveu a integração da entidade com os alunos. “A ação surge de uma vontade em realizar algo em conjunto com as engenharias da Uel, promovendo a conexão e unidade entre as engenheiras. Vivemos em um contexto em que as pessoas estão cada vez mais individualistas, e acredito que medidas com essa aproxima as pessoas, faz com que ela pense no próximo. Temos que ter a consciência de que as ações têm mais força quando temos mais pessoas em prol da causa”.
O resultado do trote solidário é múltiplo, e vai desde a melhora na condição de vida e bem-estar de dezenas de crianças carentes até a conscientização dos futuros engenheiros da sua função social e do emprego do seu conhecimento técnico para ajudar a sociedade. Para Eudes Rafael, estudante do primeiro ano de engenharia elétrica, o trote mostrou o impacto social a profissão. “O trote solidário me mostrou o impacto social da engenharia logo no meu primeiro contato com a área. Naquele dia, eu adquiri a consciência de que realmente poderia usar tudo o que eu aprendesse dali em diante para ajudar outras pessoas. Vou levar isso comigo pelo resto da minha carreira”.
O reconhecimento da UEL ao trote foi tanto para o curso de engenharia agronômica quanto para o curso de engenharia elétrica. No trote, alunos dos cursos de agronomia e engenharias elétrica e civil ajudaram a Nuselon com plantio de mudas de árvores, reforma dos brinquedos do playground, criação de horta e pintura da fachada da instituição.
Este é o espírito do Senge Jovem, da aposta que a direção do Senge faz diariamente com a participação dos futuros engenheiros nos debates sobre a função social da engenharia. “No Senge Jovem temos o viés da engenharia solidária e há algum tempo estávamos pensando nessa ação. O trote solidário veio para agregar ao nosso programa e principalmente agregar o conhecimento técnico, e logicamente, o despertar da solidariedade para os novos ingressantes dos cursos de engenharias civil, elétrica e agronomia, em medida em conjunto com os acadêmicos de arquitetura. Esta ação demandou tempo, trabalho e muito esforço de todos os envolvidos, sejam eles os estudantes ingressantes, os membros do Senge Jovem e parceiros como os professores e profissionais da área”, afirma Tayná.
Além de promover a solidariedade e mostrar que é possível a realização de trotes e demais atividades de interação dos novos alunos à comunidade acadêmica, as iniciativas, na visão da reitora da UEL, Berenice Jordão, ajudam a mostrar a qualidade da instituição na conscientização e formação de cidadãos. “Ações desta natureza é que nos qualifica pelo que fazemos e nos coloca entre as melhores universidades do Brasil,” declara a reitora Berenice Jordão.