Após as discussões sobre soberania nacional, que marcaram a abertura do IV Congresso Estadual dos Engenheiros da Bahia, o segundo dia de evento se iniciou com o tema do Ensino da Engenheira, com foco nos sistemas de Educação à Distância (EAD). Foram convidados como palestrantes a mestra e especialista em EAD Norma Matos e o coordenador do EMITEC-Projeto Ensino Médio com Intermediação Tecnológica Cláudio Marcelo Guimarães.
Norma iniciou esclarecendo que acredita na capacidade do Ensino à Distância oferecer uma formação de qualidade, apesar de ainda existir preconceito em relação a ele. Ela explicou que o EAD é uma forma de ensino regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação e que, em 2003, o Ministério da Educação elaborou uma série de referenciais de qualidade para a prática. Esses referenciais, que foram atualizados em 2007, incluem normas a respeito de oito diferentes dimensões do EAD incluindo a concepção de educação, sistemas de comunicação, infraestrutura, material didático, capacitação do professor, entre outras. Segundo Norma, são essas as diretrizes a serem observadas pelas instituições que pretendem oferecer um curso EAD de alto nível. Ela destacou também a necessidade de acompanhamento e avaliação constantes. Sobre isso, informou que nas avaliações formais realizadas pelo Ministério da Educação os alunos EAD apresentam níveis iguais ou superiores àqueles do ensino presencial, que ela atribui à exigência de autonomia, estímulo à leitura e o uso de diferentes tecnologias características desses cursos. Apresentou ainda um perfil do aluno EAD, geralmente mais velho, casado, com filhos, oriundo de escolas públicas, mais pobres e com menor escolaridade do que alunos dos cursos presenciais. Isso indica, segundo ela, a vantagem da EAD em incluir pessoas que, de outro modo, talvez não tivessem acesso a uma universidade. “EAD permite a democratização e diversidade do acesso”, defendeu.
A palestra de Cláudio Guimarães focou especificamente no EMITEC, programa do governo do estado, através de sua Secretaria de Educação, em parceria com municípios, para educação à distância de estudantes do Ensino Médio, do qual ele é coordenador de matemática. O programa, que existe desde 2011, oferece videoaulas para regiões remotas e/ou de difícil acesso ou onde não haja oferta de Enisno Médio na Bahia. Os conteúdos abrangem os três anos do ensino médio e são transmitidos ao vivo, nos 200 dias letivos do ano. As aulas também ficam armazenadas em um site e podem ser consultadas posteriormente pelos alunos. O programa objetiva, conforme apresentou Cláudio, levar os estudantes a concluírem o Ensino Médio e possivelmente prosseguir nos estudos gerando assim maior inclusão social.
Durante o debate, Allan Hayama, secretário de relações com a sociedade do Senge-BA, ressaltou que era necessário um projeto político de educação, na área Federal, para o acompanhamento da EAD. O presidente do Senge, Engº Civil Ubiratan Félix destacou que embora o EAD seja uma ferramenta importante, era preciso atentar para a qualidade: “um curso de baixa qualidade não garante inclusão social. Ele precisa ter empregabilidade”, disse.