A Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), recebeu, no dia 24/11 o Prêmio Anamatra de Direitos Humanos 2016 em comunicação sindical com o projeto Engenheira Eugênia. A cerimônia aconteceu no Museu de Arte do Rio de Janeiro e contou com a participação de presidentes das Amatras, magistrados de diversas Regiões, entre outras autoridades. Nesta 7ª edição, o Prêmio contou com o apoio da Amatra 1 (RJ). Clique aqui e assista ao vídeo da premiação. O objetivo da premiação é valorizar ações realizadas por pessoas físicas e jurídicas no Brasil que estejam comprometidas com a defesa dos direitos humanos no mundo do trabalho. O Prêmio Anamatra de Direitos Humanos 2016 distribuiu um total de 60 mil reais. Além da premiação em dinheiro, o vencedor em cada categoria/subcategoria recebeu a estatueta inspirada no “Cilindro de Ciro”.
Ao abrir a solenidade, o presidente da Anamatra, Germano Siqueira, ressaltou que as realidades do trabalho e dos direitos humanos se harmonizam. “O que nós vimos em muitos trabalhos recebidos para a premiação , no entanto, foi a expressão da antítese entre a realidade do trabalho degradante e os direitos humanos”, disse. Nesse sentido, o presidente manifestou preocupação com as propostas legislativas que precarizam direitos trabalhistas e sociais. “Vemos um Congresso que tem compromisso com o desmonte do Direito do Trabalho, querendo-o tornar um direito irrelevante, para produzir talvez uma sociedade radicalmente injusta, a caminho da barbárie”. Para Germano Siqueira, a pauta da Anamatra em torno do Direito do Trabalho e dos direitos sociais dialoga completamente com essa necessidade e a realização do Prêmio é um exemplo disso. “Queremos com o Prêmio e com a atuação no Congresso em nossas pautas deixar a nossa contribuição para o mundo melhor”.
Na mesma linha, a diretora de Cidadania e Direitos Humanos, Noemia Porto afirmou que o Poder Judiciário trabalhista e os juízes do Trabalho são ciosos do seu papel constitucional de garantidores de direitos fundamentais, cuja concretização designa sua legitimidade institucional. “A Anamatra cumpre assim o seu papel quando estimula, reconhece e dá visibilidade a iniciativas que interferem na realidade e promovem a materialização dos direitos humanos no mundo do trabalho”, disse. Na avaliação de Noemia Porto, a realizaçao dos direitos humanos é uma tarefa que deve envolver todos. “Não pode depender de uma única instituição ou iniciativa; ao contrário, a justiça social depente do compromisso estabelecido, de forma intensiva, pelos governos e pela sociedade civil, de forma conjugada e diversificada, incluindo-se, portanto, o Judiciário como instituição e os cidadãos como destinatários e, ao mesmo tempo, participantes das políticas de inclusão”, disse.
A solenidade de premiação foi precedida por performance poética do grupo “Corujão da Poesia – Universo da Leitura”. Sob a curadoria de João Luiz de Souza, o grupo se encontra semanalmente para atividades de poesia, literatura e música. Entre os objetivos do grupo está o estímulo à leitura, por meio da arrecadação de livros para construção de bibliotecas solidárias em locais carentes.
Premiados – Na categoria Cidadã, venceu o trabalho “Eugênia, a Engenheira”, da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, que usa a histórias em quadrinhos para debater direitos e deveres dos trabalhadores. Para a Simone Baía, diretora da Mulher da Federação, o Prêmio é um símbolo da luta cotidiana de mulheres por existência e resistência. “Passamos por muitos sacrifícios em nossas trajetórias, com abdicações e também conquistas. Receber um prêmio de direitos humanos legitima a importância da comunicação sindical na construção de uma sociedade igualitária e solidária para todas as pessoas”, afirmou.
O projeto “Graffiti na Escola”, do professor de arte Rodrigo Neris, da Escola Pierre Bonhomme em Campinas (SP), venceu na categoria Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC). Além das atividades já tradicionais do Programa, a iniciativa do professor trabalhou, por meio do grafite, o conteúdo da Cartilha do Trabalhador em Quadrinhos. O projeto contou com a participação do grafiteiro Gustavo Bordin (Nénão), que ministrou oficinas de arte para os alunos. O professor explica que a escola se dedica a promover espaços, encontros e experiências que possibilitem processos formativos que fomentem outros olhares para o mundo, o desenvolvimento de uma atitude reflexiva e a valorização dos adolescentes, jovens, adultos e idosos, alguns deles com deficiências, bem como suas histórias. “O reconhecimento da Anamatra reforça a certeza de que vale a pena e a esperança de que chegará o dia em que a profissão de professor, tão mal cuidada nos dias de hoje, será efetivamente reconhecida e valorizada por toda a sociedade.”
Na categoria Imprensa, subcategoria em Impresso, venceu o jornalista Thiago Tanji, da Revista Galileu, com reportagem “Escravos da Moda” sobre a realidade do trabalho degradante escondida por detrás dessa indústria. Para Tanji, o reconhecimento do trabalho é um indicativo importante de que histórias como as contadas na reportagem precisam ser publicadas, discutidas e refletidas. “É triste saber que, em pleno século 21, ainda tenhamos de denunciar violações de direitos básicos. Mas, enquanto condições dignas não sejam conquistadas por todos os trabalhadores, é dever dos jornalistas continuar a contar essas histórias e ajudar a mudar essa realidade”, analisou.
A categoria Imprensa, subcategoria Televisão, premiou a equipe do Repórter Record Investigação com a reportagem “Eternas Escravas”, que denunciou um escândalo de escravidão de crianças negras e pobres no quilombo Kalunga, próximo à Brasília. O jornalista Lúcio Sturm, que representou a equipe, falou da importância do Prêmio, o sexto recebido pela reportagem este ano. ““O Prêmio da Anamatra é muito especial, pois vem de uma entidade que defende os mesmos princípios que a imprensa, que são a cidadania e os direitos humanos. É uma honra muito grande para toda a equipe ter esse reconhecimento dos juízes do Trabalho”, disse.
A reportagem do jornalista Hebert Lenin, da CBN Paraíba, com o tema “Marcada para lutar”, foi a vencedora na categoria Imprensa, subcategoria Rádio. A matéria retratou o surgimento das ligas camponesas na região Nordeste na década de 60, durante turbulências políticas e sociais. “Para mim o Prêmio é uma grande honra. Ainda mais por saber que foi um reconhecimento ao nosso trabalho, mas, principalmente, à trajetória de Elisabete Teixeira, uma das mais notáveis mulheres que este país já viu”, declarou.
Já a fotografia premiada foi de autoria de Sérgio Ricardo Oliveira e ilustrou capa da reportagem especial do jornal Amazonas em Tempo sobre a vida de homens e mulheres que trabalham com o extrativismo de fibras de piaçava no norte do estado do Amazonas, reféns do isolamento, das condições degradantes de trabalho e até mesmo do trabalho forçado. “Acho importante o reconhecimento da Anamatra com o Prêmio pelo trabalho jornalístico feito em uma região isolada do resto no Brasil, na Amazônia. Os piacabeiros vão para o trabalho já e endividados e explorados pelos patrões”, explicou o fotógrafo.
Também foram conferidas menções honrosas para alguns trabalhos, pela relevância das iniciativas dentro da temática do Prêmio. Os representantes das iniciativas receberam placas. Confira as menções honrosas desta edição:
Acadêmico Padrinho-Cidadão
Categoria: Cidadã
Resumo: Criado pela Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, o programa tem como foco estudantes de escolas públicas, entre 14 e 17 anos. A ideia é ocupar o tempo dos jovens no horário em que estão fora da escola para que eles vejam nas atividades educacionais, lúdicas ou esportivas, alternativas para fugir das ruas e da situação de vulnerabilidade.
Reportagem – A rota da castanha: exploração sem limite
Categoria: Imprensa/Subcategoria TV
Resumo: Reportagem especial do Câmera Record, sob o comando do repórter Daniel Motta e equipe, denunciou as condições desumanas de trabalho a que são submetidos homens, mulheres e crianças que sobrevivem da quebra da castanha no agreste brasileiro. Os repórteres revelaram também como várias gerações de trabalhadores rurais são explorados na produção desse produto nobre e caro, que está presente à mesa dos brasileiros.
Série “À margem”
Categoria: Imprensa/Subcategoria Rádio
Resumo: A série da jornalista Mislene Santos, do Jornal Correio da Paraíba (Rádio 98 FM), relatou a realidade do mercado de trabalho para travestis e transexuais. A narrativa mostra problemas como prostituição e informalidade, mas também fala de políticas públicas relativas ao tema e de exemplos de superação por meio do estudo e trabalho.
Fonte: Anamatra
Foto: Adriana Medeiros