CNE realiza ato contra a privatização do sistema Eletrobras em frente à Eletrosul, em Santa Catarina

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Em sequência ao calendário de luta do Coletivo Nacional dos Eletricitários – CNE, os sindicatos da INTERSUL promoveram na manhã do dia 18 de outubro, terça-feira, em frente à Sede da ELETROSUL, em Florianópolis, mais uma manifestação em defesa das empresas do Sistema ELETROBRAS, dos direitos trabalhistas e contra as políticas do atual governo de desmonte das empresas públicas e ataque aos direitos e conquistas sociais. O ato contou com a presença de dirigentes sindicais do CNE vindos de vários locais do país, representantes de quatro Centrais Sindicais, diversas entidades e movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Núcleo Catarinense da Auditoria Cidadã da Dívida, Movimento dos Sem Terra (MST), União Catarinense de Estudantes (UCE), Cooperativa de Jornalistas Desacato, Instituto de Estudos Latino Americanos (IELA). Alguns representantes da classe política Vereadores e um Deputado Estadual, também registraram presença e prestigiaram o ato em defesa da classe trabalhadora.

O ato teve início com uma análise de conjuntura feita por José Álvaro, Economista do DIEESE, que afirmou que nas últimas três décadas, jamais tinha visto um quadro tão adverso para os trabalhadores. Três elementos atuam interligados no processo: o primeiro é a crise mundial que está se mostrando a pior de todas, inclusive à de 1929; o segundo a crise econômica brasileira, uma das piores já ocorrida (desde 1930 não se tinha quatro anos consecutivos sem crescimento; e terceiro: o golpe de Estado, típico dos dias atuais na América Latina, que acontece sem tanques, apoiado pela mídia, judiciário e legislativo. Ainda, afirmou que esse conjunto de elementos colocam desafios aos trabalhadores com ameaças, que nem a ditadura militar ousou fazer. São ataques contra direitos trabalhistas e contra o país. Esta havendo a retirada de direitos conquistados com a Constituição de 88 como o SUS e até derrubando a CLT da década de 40. Também, estão em andamento ataques à soberania do país, aos recursos naturais, principalmente ao petróleo, mas também à biodiversidade da Amazônia, ao sistema elétrico e a água. Não existe país que disponha de tantos recursos naturais como o Brasil. É impossível entender o golpe sem entender a questão geopolítica. A perda da hegemonia na região da América Latina pelos EUA e o fortalecimento dos BRICS é o que levou a esta equação golpista, onde os setores conservadores e a mídia apregoam o discurso golpista de que o Brasil quebrou por causa do Bolsa Família, dos gastos exagerados com saúde e educação e que é necessário um remédio amargo, como a entrega do petróleo, acabar com a política de reajustes salariais e reduzir benefícios sociais e assim por diante.

A representatividade do ato mostrou, mais uma vez, a unidade em torno da luta dos trabalhadores, as inúmeras manifestações por parte das entidades presentes, alertaram para o retrocesso social das políticas, projetos e medidas do atual Governo Federal, que trarão grandes perdas para a classe trabalhadora e para toda a sociedade, atingindo direitos e perdas de conquistas históricas, se não lutarmos. Violações do Estado Democrático de Direito, a criminalização dos movimentos sociais, a espetacularização da justiça e as relações de trabalho são algumas das mudanças que já estão sendo sentidas por todos depois do “advento” de Michel Temer.

Há motivos de sobra para a indignação dos(as) trabalhadores(as) nas medidas anunciadas pelo governo golpista – como a reforma da Previdência, a retirada de direitos, a terceirização irrestrita, prevalência do negociado sobre o legislado, flexibilização do contrato de trabalho, a MP 735, que reestrutura o Setor Elétrico e facilita privatização das empresas do Sistema ELETROBRAS, a reforma regressiva do Estado prevista na PEC 241 e no PL 257, além da recente MP da “reforma do Ensino Médio”.

Ocorreram, também, vários depoimentos de trabalhadores aposentados da CELESC e ELETROSUL, que lembraram da época da cisão da ELETROSUL, no início dos anos 90, quando ocorreu a privatização da geração da empresa. Lembraram que também naquela época a mobilização foi difícil com muitos trabalhadores fugindo da luta, acreditando que, pela “meritocracia” (essência do neoliberalismo) não seriam atingidos pelas demissões. Lamentavelmente o que se seguiu demonstrou exatamente o contrário, resultou em um pesadelo que até bem pouco ainda assolava os corredores da empresa. Merece especial destaque a presença dos trabalhadores(as) da ELETROSUL, numa demonstração de
consciência de luta pela preservação da empresa como empresa pública.

CALENDÁRIO DE LUTAS DO CNE
– Dia 25.10 – Reunião com o Presidente da ELETROBRAS, Wilson Júnior, no Rio de Janeiro/RJ;
– Dia 26.10 – Plenária CNE – Ás 14h00 – STIUDF – Brasília/DF;
– Dia 27.10 – Manifestação na ELETRONORTE – Brasília/DF, (Organização FURCEN e SINDINORTE), com a presença de
todo CNE;
– Dia 01.11 – Manifestação na CHESF – Recife/PE, (Organização FRUNE e INTERSINDICAL Nordeste), com a presença de
todo CNE.

SE É PUBLICO, É PARA TODOS!

Fonte: CNE

Imagem: MAB/Desacato.info