O historiador e professor da Universidade Federal do ABC Valter Pomar foi o convidado para a análise de conjuntura, durante a reunião da diretoria executiva da Fisenge, no dia 16/10, em Natal (RN). “FHC, Collor e Itamar provocaram mudanças estruturais de retrocesso. Sem mudanças estruturais acaba a capacidade produtiva do Estado, que abre mão de receitas futuras, como a desoneração. O Estado abriu mão de receita para o empresariado. Há uma crise estrutural que a eleição de 2014 não resolveu”, apontou Pomar.
O Brasil vive uma polarização desde as eleições de 1989, mas com as forças do capitalismo em ampla hegemonia. “Estamos vivendo uma crônica e profunda crise do capitalismo, com imensa quantidade de recursos no mercado financeiro. O surgimento do bloco econômico formado pelos BRICs [Brasil, Rússia, Índia e China] é importante para o país e temos que cooperar com esse movimento, mas com independência”, destacou. Nesse ponto, o presidente da Fisenge, Clovis Nascimento afirmou: “A opção pelos BRICs foi acertada especialmente pelo enfrentamento geopolítico e pelo fortalecimento do Mercosul”, disse Nascimento.
Durante o debate, Pomar sinalizou questões que precisam ser enfrentadas: “É preciso mudar a política econômica imediatamente. O atual ajuste fiscal irá provocar desemprego, redução de salário, ampliação de déficit. Precisamos pressionar o governo a mudar de estratégia e também retomar capacidade produtiva da Petrobras. O financiamento privado e a democratização dos meios de comunicação são outros elementos centrais para serem enfrentados”. Pomar ainda citou a discrepância entre o repasse de verbas públicas para os veículos da mídia tradicional, enquanto rádios comunitárias são criminalizadas e reforçou a importância da comunicação pública bem como a ocupação e a disputa dos espaços existentes como a Empresa Brasil de Comunicação. “A mídia que temos hoje age de acordo com seus interesses e não informa. A democratização dos meios de comunicação é fundamental para o fortalecimento do sistema político brasileiro e da democracia”, questionou o diretor financeiro da Fisenge, Eduardo Piazera.