No dia 11 de fevereiro deste ano o Espírito Santo foi palco do maior acidente do setor de petróleo e gás já registrado na história e o mais grave do país dos últimos 14 anos. A explosão na sala de bombas do navio-plataforma Cidade de São Mateus (que operava a 40 km da costa de Aracruz) aconteceu há 4 meses e deixou nove mortos e 26 feridos.
Na última quinta (11), um relatório da Petrobras foi divulgado. Ele revela causas de explosão no navio navio-plataforma operado pela BW Offshore a serviço da Estatal. A referida empresa norueguesa também não era cadastrada no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), entidade que justamente fiscaliza o exercício desse tipo de atividade.
Nota
Em nota a Petrobras informou que o relatório tem como objetivo documentar a análise da ocorrência com vistas a aprimorar os padrões de segurança da indústria e evitar acidentes semelhantes no futuro. A Petrobras negou que tenha sido alertada das falhas previamente ao acidente.
De acordo com a estatal, foram identificados como principais fatores do acidente o descumprimento de procedimentos operacionais para o bombeio de fluidos, a instalação de um equipamento (raquete) em tubulação sem a devida especificação técnica e registro da alteração, e inobservância do procedimento de segurança.
Segundo a Petrobras, o relatório foi encaminhado pela Petrobras para as autoridades competentes como a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a Polícia Federal e a Polícia Civil, com as quais a Petrobras vem colaborando desde o início das investigações.
As conclusões do relatório também estão sendo divulgadas internamente pela Petrobras e pelo grupo BW Offshore – responsável pela operação do FPSO Cidade de São Mateus, para a indústria do petróleo.
Já a BW Offshore informou que entregou às autoridades brasileiras o relatório produzido pela Comissão de Investigação e Análise do Acidente formada pela Petrobras e a BW após a ocorrência. Informa ianda que vem colaborando diretamente com as autoridades e continua prestando assistência às famílias das vítimas.
Sequência de fatores
Veículos de comunicação do Estado divulgaram que meses antes do acidente, um terminal cego (flange) foi instalado no circuito que fazia a transferência de água e óleo condensado. Porém, a resistência à pressão dessa peça era inferior à demandada pelo sistema. A incompatibilidade do equipamento só veio à tona no dia da explosão.
Foi um erro abertura e fechamento das válvulas que teria feito a pressão aumentar em uma das linhas. Isso foi o que fez a com que o flange se abrisse antes mesmo de o sistema de segurança desligar a bomba. Como consequência disso houve vazamento de gás e, logo depois, a explosão.
Fiscalização
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Espírito Santo (Senge-ES) espera que acidentes como esse sirvam, sobretudo, para que outros sejam evitados.O Crea-ES já anunciou o objetivo de firmar parceria com outros Estados produtores para intensificar a fiscalização na área do petróleo e gás. Isso otimizaria a inspeção dos procedimentos e afastar a possibilidade de novos acidentes
“Queremos intensificar a fiscalização nas atividades da cadeia de petróleo e gás. Para tanto pretendemos fazer um convênio com os Conselhos de Engenharia da Bahia e do Rio de Janeiro e os Ministérios Públicos para termos força de lei na nossa fiscalização. Não temos força de lei para averiguar o que existe dentro das empresas. Ninguém sabe o que se passa nessas empresas”, disse o presidente reeleito Helder Carnielli na ocasião de sua posse para novo mandato.
Navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus (Foto: Divulgação/ Marinha)
Fonte: Senge-ES