Reflexões sobre um projeto de Nação marcam lançamento de livros da Fisenge

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O livro O Mercado Formal de Trabalho dos Profissionais do Sistema Confea/Crea, pesquisa inédita desenvolvida pelo DIEESE a pedido da Fisenge, foi lançado nesta segunda-feira (13/8), durante a 64ª SOEAA. O lançamento contou com uma mesa de debate, da qual participaram o escritor e cientista político César Benjamim, o filósofo, teólogo e coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Roberto Malvezzi e o engenheiro e doutor em economia Márcio Henrique Monteiro de Castro. Compuseram a mesa também o presidente da Fisenge, Olímpio Alves dos Santos, e o assessor do Confea Luiz Soares, coordenador do projeto “Pensar o Brasil e construir o futuro da nação”.

 

César Benjamim disse que se considera otimista com relação ao Brasil, mas nem por isso deixa de ser crítico – o que por vezes é confundido com pessimismo. Ele entende que o debate nacional foi impregnado por uma visão de curto prazo, que obedece à lógica do sistema financeiro: “A imprensa de massa dá todo dia informações sobre as oscilações do mercado financeiro, quando, na verdade, o tempo da nação é outro. As grandes decisões que constroem ou desconstroem a nação são tomadas tendo em vista um outro referencial de temporalidade, que nós perdemos”.

 

Além do tempo histórico, o sistema financeiro subtrai também a noção de espaço – uma vez que as transações são virtuais – e as pessoas, pois o modelo é para poucos, afirma Benjamim. “Temos o desafio de pensar o Brasil de acordo com sua população, território, estado nacional e economia física”, disse.

 

Malvezzi, que acaba de lançar o livro Semi-árido: uma visão holística, destacou que a imagem mais comum do semi-árido – de seca, pobreza e baixo índice de desenvolvimento humano – é uma imagem construída, que alimenta a “indústria da seca”. Segundo ele, é preciso desconstruir essa imagem, com uma visão holística, pois com o diagnóstico incorreto, é impossível propor as ações corretas a serem tomadas.

 

“A nossa visão é de que o semi-árido é uma regiao viável, com mais ou menos 25 milhões de brasileiros, e abundância de água, com 750 ml em média, por ano. Para vocês terem uma idéia, isso significa a precipitação de 750 bilhões de metros cúbicos de água, sete vezes mais o que o Rio São Francisco joga na foz todos os anos. Mas nós temos infraestrutura para armazenar apenas 35 bilhões de metros cúbicos dessa água, gerando desperdício. E depois se faz propostas de grandes obras para levar água onde ela está sendo desperdiçada”.

 

Márcio de Castro falou sobre a questão da Amazônia, com base em seu livro Amazônia – soberania e desenvolvimento sustentável, editado pelo Confea. Para ele, que viveu por quatro anos na região, lidando com populações tradicionais, o debate sobre a Amazônia está impregnado por uma falsa dicotomia entre soberania e sustentabilidade. Márcio sustenta que a afirmação da soberania brasileira na região passa pela implementação de um projeto de desenvolvimento sustentável, que minimize os impactos ambientais, respeite as populações locais e explore racionalmente as riquezas existentes.

 

Além do livro O Mercado Formal de Trabalho dos Profissionais do Sistema Confea/Crea, a Fisenge lançou outros sete títulos da série Cadernos Fisenge: A Engenharia e o Desenvolvimento, de César Benjamin; Síntese do Saneamento no Brasil, de Clovis Francisco do Nascimento Filho; Entendendo o Saneamento Ambiental, de Ubiratan Félix Pereira dos Santos e Glória Cecília dos Santos Figueiredo; Engenheiros e Engenheiras: Mercado de Trabalho e Relações de Gênero, de Rosa Lombardi; Os Desafios Atuais para a Formação dos Engenheiros Brasileiros, de Agamenon Oliveira; Notas sobre a Formação em Engenharia e o Mercado de Trabalho Formal, 1991 – 2005, de Luiz Antonio Meirelles e Juliana Yonamine e Brasil – Reinventar o Futuro, de César Benjamin e Tânia Bacelar de Araújo (3ª edição).

 

Coquetel

A Fisenge promoveu um coquetel de lançamento das publicações na terça-feira (14/8). O evento foi realizado no estande da Federação na 64ª SOEAA e contou com discurso de Luiz Soares, primeiro coordenador geral da Coordenação Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), entidade que deu origem à Federação. A Fisenge foi fundada em 1993, dois anos após a criação da Consenge a partir de um grupo de sindicatos que se desfiliou da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).