ARTIGO DIEESE: Reajustes salariais no primeiro semestre de 2008

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Nos últimos anos, os trabalhadores brasileiros têm gozado de um cenário favorável à negociação coletiva que resulta, principalmente, do crescimento econômico, da expansão no nível de emprego e da inflação controlada, num contexto político democrático. A junção desses fatores, entre outros particulares a cada setor, segmento ou categoria profissional, tem influído no crescimento do poder de barganha das entidades sindicais de trabalhadores e se reflete nos bons resultados dos balanços de reajustes salariais divulgados pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

 

Através do SAS – Sistema de Acompanhamento de Salários, o DIEESE analisou os reajustes salariais de 309 unidades de negociação com data-base situada no primeiro semestre de 2008. O exame dos resultados dessas negociações revelou que em torno de 86% dos reajustes conquistados assegurou, no mínimo, a recomposição da variação da inflação acumulada entre as datas-base, tendo como referência o INPC-IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo IBGE. Trata-se de resultado inferior ao apurado nas negociações salariais firmadas nos primeiros semestres dos últimos dois anos. Ainda assim, esse patamar apresenta-se como mais favorável, quando comparado ao período compreendido entre 1996 e 2005.

 

Ainda que tenha havido um aumento no número de negociações com reajustes inferiores ao INPC-IBGE, os dados revelam que a maior parte destes concentrou-se na faixa até 0,5 ponto percentual abaixo da variação desse indicador. Já dentre as negociações com aumento real, 86% tiveram até 2 pontos percentuais de reajuste superior à variação do INPC-IBGE.

 

Em fins do primeiro semestre deste ano, presenciamos um repique inflacionário impulsionado pelos aumentos dos preços dos produtos alimentícios sem, contudo, uma contaminação dos demais preços da economia. Dados mais recentes já apontam certa acomodação dos preços, mas, neste ambiente de maior incerteza, as empresas parecem ter-se aproveitado para endurecer ainda mais nas mesas de negociação.

 

Na comparação entre os primeiros semestres de 1996 a 2008, o presente ano revela o terceiro melhor resultado da série. É preciso lembrar que um fator da maior importância para o bom desempenho das negociações coletivas de trabalho é o comportamento das vendas e dos lucros das empresas, impulsionados pelo crescimento da economia. A previsão para o segundo semestre de 2008 é de continuidade do bom desempenho apurado até o momento. Ainda que se confirme a piora da situação internacional, os possíveis efeitos negativos sobre a economia real brasileira ocorreriam apenas em 2009.  Concretamente, temos indicadores econômicos do primeiro semestre de 2008 bastante favoráveis e, mesmo na hipótese de uma ligeira retração no segundo semestre, devem confirmar um ano de excelentes resultados. Em conjunturas como essa, há margem, não só para a preservação do poder de compra dos salários, mas também para a conquista de aumentos reais.

 

Fonte: Dieese