Minas unida contra as atitudes do governo do estado

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No dia 19 de novembro trabalhadores, representantes de movimentos estudantis e sociais se reuniram na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte, para um ato unificado contra as atitudes do atual governo do estado de Minas Gerais. Nos discursos ficava evidente a tarefa de unificar as ações para impedir que o governo de Minas continue trabalhando na retirada dos direitos da população. “Energia, saúde, educação, saneamento e água são serviços que não podem faltar, mas que estão sendo sucateados por essa política de estado mínimo. Política que encolhe a oferta e diminui a qualidade dos serviços públicos”, afirmou um dos diretores da Fisenge, o engenheiro Raul Otávio Pereira. Outras reuniões estão sendo organizadas ao longo dessa semana e da próxima.

Participaram do ato:

AMES – BH – Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte
ASTRA
CNTI-MG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria
CTB MG – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CUT – Central Única dos Trabalhadores
FEM-MG – Federação Estadual dos Metalúrgicos
Federação dos Trabalhadores no Vestuário
Fisenge – Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros
FNA – Federação Nacional dos Arquitetos
FNU/CUT – Federação Nacional dos Urbanitários
Instituto Mineiro do Trabalho
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
Movimento Luta de Classes
Movimento Universitário Correnteza
PT-BH – Partido dos Trabalhadores – Diretório Belo Horizonte
Saemg – Sindicato dos Administradores no Estado de Minas Gerais
Senge-MG – Sindicato dos Engenheiros no Estado de Minas Gerais
Serpente Negra da Polícia Militar de Minas Gerais
Sindicado dos Jormalistas
Sindicato dos Psicólogos
Sindados – MG – Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado de Minas Gerais
Sindágua – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais
Sindieletro – Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais
Sindmetal BH/Contagem – Sindicato dos Metalúrgicos
Sindpol – Sindicato dos Servidores da Policia Civil de Minas Gerais
Sind-Saúde/MG – Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais
Sindute-MG – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais
Sinttel – MG – Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais
UJR/PCR – União da Juventude e Rebelião do Partido Comunista Revolucionário

Trabalhadores elaboram manifesto

Trabalhadores e entidades sindicais de Minas Gerais lançam um manifesto contra as ações do governo estadual, que incluem sucateamento de empresas estatais da região. O documento, assinado por diversas entidades, lista os diversos serviços que vêm enfrentando ao longo dos últimos anos um processo cada vez mais crônico de sucateamento de suas atividades. Os trabalhadores dizem não à política de estado mínimo imposta pelo governo e a retomada da dignidade de seus trabaolhadores e da população, principal vítima do desmonte estatal.

Leia abaixo o documento:

Os trabalhadores de Minas Gerais vêm a público denunciar o desmantelamento da estrutura do Estado em benefício de um projeto político pessoal, que vem acarretando um retrocesso histórico com o sucateamento de empresas e órgãos públicos como a Cemig, a Copasa, o Ipsemg e de outros importantes patrimônios do povo mineiro.

Na saúde, a qualidade dos serviços e as condições de trabalho estão tão precárias pela falta de investimentos que até o Ministério Público do Trabalho repassou verbas para tentar minimizar problemas estruturais de algumas unidades. Os hospitais sofrem com superlotação, falta de equipes e de instalações para atendimento à população.

Na educação, após décadas de luta pela valorização do magistério, presenciamos o governador de Minas Gerais se aliar a outros para impedir que o piso nacional de R$ 950,00 dos professores seja implantado.

Na área de segurança, os investimentos divulgados pelo governo estão muito aquém das necessidades verificadas. São 14,3 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes e há superlotação em cadeias públicas sob controle da Polícia Civil. Enquanto isso, o governador Aécio Neves viaja numa sutil campanha eleitoreira e a sociedade fica trancada em casa com medo da violência nas ruas.

A Cemig propõe cortes nos postos de trabalho, precarizando a prestação de serviços através da terceirização. Uma posição totalmente oposta aos lucros que vem apresentando há vários anos. Vale salientar que, em 2008, a empresa deve obter o maior lucro de sua história, cerca de R$ 2 bilhões.

Já a Copasa, que fornece um serviço essencial à saúde da população, tem voltado seus interesses para as ações na Bolsa de Valores, deixando de investir em municípios que não dão lucro. A política adotada na empresa é discriminação de idade através da demissão de trabalhadores concursados, enquanto contrata assessores sem concurso público com altos salários. Ela beneficia ainda grandes construtoras com a prorrogação de contratos.

Como se não bastasse, o governo Aécio Neves investe em práticas anti-sindicais que ameaçam os direitos e a liberdade de expressão dos trabalhadores. Exemplos disso são os ataques que os sindicatos vêm sofrendo com perseguição aos diretores, falta de agenda para reuniões de negociação, controle das informações, uso do poder da polícia contra as manifestações e processos judiciais. Tudo isto, visando o desmantelamento dos sindicatos.

Cabe denunciar que, enquanto as empresas públicas mineiras gastam milhões de reais em publicidade, a população amarga faturas altíssimas de energia e de água. Esses mesmos cidadãos são impedidos de terem acesso a informações fundamentais de toda natureza devido ao silêncio incompreensível dos meios de comunicação.

Nós, das entidades sindicais, nos vemos na obrigação de alertar que o interesse público relevante como saúde, saneamento, educação, energia e segurança não está sendo prioridade neste governo. O “choque de gestão” implantado em Minas vem trazendo resultados apenas para os investidores estrangeiros e deixando de lado os interesses do povo mineiro. Não podemos mais esperar, resignados, que o nosso Estado, tradicional na defesa da liberdade, volte sua atenção para os interesses da sociedade. E preciso construir uma gestão democrática, que beneficie a população e, sobretudo, volte a dar espaço para a liberdade.

Assinam

ASTHEMG – Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais do Estado de Minas Gerais, CNTI – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, CUT – Central Única dos Trabalhadores, Federação dos Urbanitários de Minas Gerais, NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores – FEM-MG – Federação Estadual dos Metalúrgicos, FNU – Federação Nacional dos Urbanitários, Fisenge – Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, Saemg – Sindicato dos Administradores de Minas Gerais, Senge-MG – Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais, Sinarq-MG – Sindicato dos Arquitetos de Minas Gerais, Sindágua – Sindicato dos Trabalhadores nas Ind. de Purificação de Água e Esgoto de Minas Gerais, Sindepominas – Sindicato dos Delegados do Estado de Minas Gerais –Sindec-MG – Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Culturais e Recreativas no Estado de Minas Gerais, Sindicato dos Bancários BH, Sindicato dos Eletricitários de Juiz de Fora, Psind – Sindicato dos Psicólogos, Sindicato dos Securitários de Minas Gerais, Sindieletro – Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais, Sindpol – Sindicato dos Servidores da Policia Civil de Minas Gerais, Sindpúblicos – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais, Sind-Saúde – Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais, Sindsul – Sindicato de Eletricitários do Sul de Minas, Sindute-MG – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais.

Cemig desrespeita direitos de seus trabalhadores

No início de novembro, trabalhadores da Cemig – empresa que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no estado de Minas Gerais – foram surpreendidos com a proposta da empresa de retirada da garantia mínima de 10 mil postos de trabalho, conquistada em 2004. Além disso, a administração da estatal propos o fim da organização sindical de seus trabalhadores.

Em resposta, entidades sindicais e Fisenge encaminharam ao governador Aécio Neves carta na qual repudiaram as atitudes da empresa, afirmando que “nos últimos anos a Cemig tem privilegiado o lucro dos acionistas em detrimento dos investimentos em Minas Gerais”. O lucro da estatal para 2008 está estimado em mais de R$ 2 bi. Os sindicatos da região exigem a abertura de concursos públicos para a Cemig, afirmando que “as grandes empresas apostam no crescimento e na geração de empregos” e que “Minas Gerais e a Cemig não podem dar as costas aos mineiros e aos eletricitários”.

Confea envia carta à administração da Cemig

Em defesa dos engenheiros que trabalham na empresa, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia enviou carta ao presidente da companhia, Djalma Bastos, na qual solicita a revisão das propostas encaminhadas aos trabalhadores. Dentre elas, a extinção da garantia do piso salarial profissional, conquistado pela categoria através da Lei4.950/A-66.

A entidade finaliza a carta afirmando que “a história de sucesso e crescimento da Cemig é motivo de orgulho para todos nós e, em especial, para os engenheiros da Cemig, que com respeito, zelo e competência ajudaram a construir esse sucesso”. E que espera que o pleito seja acatado principalmente porque o corpo técnico da empresa “é também um inestimável patrimônio público a ser preservado com desvelo”.