A primeira plenária do comitê Rio do Fórum contra a Privatização do Petróleo e Gás mobilizou representantes de diversas entidades e movimentos sociais no Rio de Janeiro, na terça-feira, 10. A reunião, a primeira deste ano, ocorrida no Sindipetro-RJ, fez uma avaliação coletiva da campanha em 2008 e levantou propostas de atividades.
A principal é a mobilização do seminário nacional do Fórum marcado para 2 de março, segunda-feira, na capital fluminense. O evento está programado para tomar um dia inteiro de debates e planejamento. O objetivo é organizar ações com antecedência e de maior fôlego para não ficar refém das datas impostas pelo Governo Federal, como as marcações dos leilões das áreas promissoras de petróleo e gás.
Algumas propostas foram levantadas para serem executadas em fevereiro ainda. A participação do Fórum no ato de hoje, 11, organizado por CUT e Conlutas na Vale contra as demissões e a flexibilização dos direitos trabalhistas. O coordenador geral do Sindipetro-RJ foi indicado para falar no carro de som em nome do movimento e foi deliberada uma faixa com a frase: “Reestatizar a Vale e a Petrobrás”.
Defesa do petróleo até no carnaval
A plenária aprovou a participação da campanha “O petróleo tem que ser nosso” no carnaval carioca. A idéia é tentar formar alas, com faixas e camisas, nos blocos organizados por sindicatos durante os dias de folia. O bloco do Sindjustiça, do Sintrasef e do Sindicato dos Bancários foram os lembrados durante a reunião por organizarem blocos carnavalescos tradicionais. Também houve a indicação de um representante do Sindipetro-RJ para participar da reunião em São Paulo, no dia 13 de fevereiro, às 9h. Esse é um encontro do comitê nacional do Fórum contra a Privatização do Petróleo e Gás para organizar os preparativos para o seminário de 2 de março.
Com relação aos materiais da campanha, boas notícias. A cartilha de divulgação e contextualização da luta para a população em geral está com a estrutura pronta, faltando alguns pequenos detalhes e a revisão final. Já o filme ainda está no processo de gravação de entrevistas, mas o diretor do Sindipetro-RJ Francisco Soriano, um dos idealizadores do material, garantiu que no máximo em 60 dias a produção estará totalmente concluída.
Continuar a realizar debates e criar comitês locais da campanha foram tarefas fundamentais apontadas, assim como mobilizar novas organizações populares, sindicais e estudantis para se somarem a essa luta. Foi lembrada importância de aproximação com a Plenária de Movimentos Sociais, que reúne diversos setores em luta no Rio de Janeiro. Nesse espaço, debater a inclusão do combate à privatização do petróleo e gás como uma pauta central no tradicional ato de 28 de março, que aglutina milhares de estudantes no dia da morte do estudante Edson Luís pela ditadura militar. Buscar locais para fixação de faixas permanentes com a inscrição “O petróleo tem que ser nosso” também é outra meta estabelecida. Uma proposta que ficou de ser mais discutida é a de produção de camisas e bandeiras do movimento associadas aos clubes de futebol para serem massificadas em estádios.
Um balanço da luta contra a privatização do petróleo e gás brasileiros
Além de apresentar propostas, a plenária de ontem teve a finalidade de efetuar um balanço coletivo da campanha “O Petróleo tem que ser nosso” até aqui. As falas dos diversos movimentos foram consensuais em avaliar que o movimento vem numa crescente acentuada. Os petroleiros, trabalhadores de outras áreas e os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e dos Sem Teto mobilizaram essa luta pelo petróleo nos últimos anos e criaram o Fórum contra a Privatização do Petróleo e Gás. Em 2008, tivemos a importante adesão do Movimento dos Trabalhadores Desempregados e dos estudantes (universitários e secundaristas). Muitos comitês locais da campanha foram criados. Diversas atividades, todas com boa repercussão, agitaram o debate sobre o papel e uso do petróleo no país. Destaque para a Jornada de Luta, realizada de 15 a 18 de dezembro do ano passado, pelo cancelamento da 10ª Rodada de Leilão das Áreas Promissoras de Petróleo e Gás Brasileiros.
“O nosso movimento está crescendo. A vitoriosa campanha “O petróleo é nosso”, nos anos 40/50, levou sete anos para ganhar a massa. Estamos no caminho certo. Temos que ter calma e trabalhar a consciência da população” – afirma Emanuel Cancella, coordenador-geral do Sindipetro-RJ, que chama atenção para especulação em torno do precioso recurso natural: “Esse preço baixo anunciado do petróleo é artificial, todo mundo sabe que o petróleo não vale menos de 100 dólares. E vamos lutar para que essa riqueza fique para o povo brasileiro.”
A necessidade de ampliação do debate ambiental e de desenvolvimento de matrizes energéticas limpas foram apontadas como elementos a serem trabalhados pela campanha. A reivindicação de reestatização da Petrobrás com controle público deve servir para aprofundar a concepção da Petrobrás enquanto empresa de energia sustentável e ecológica. Outro ponto que precisa ser mais acumulado pelo Fórum é a proposta ventilada pelo Governo Federal de criação de uma nova empresa 100% estatal para cuidar exclusivamente do pré-sal. Isso significaria abandonar a luta pela retomada da Petrobrás e das áreas de petróleo já privatizadas. Esse é apenas um dos temas que a coordenação do Fórum pretende aprofundar no seminário de 2 de março, no Rio.
Fonte: Agência Petroleira de Notícias