A geração de empregos de maio foi a maior desde o agravamento da crise financeira, em setembro de 2008. No mês passado, foram gerados 131,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, no saldo de contratações e demissões. Apesar de a criação de novos empregos ter crescido pelo quarto mês consecutivo, ainda não foi suficiente para compensar as demissões feitas nos três meses em que a crise afetou o mercado de trabalho no Brasil.
De novembro do ano passado a janeiro deste ano, foram fechados 797,5 mil empregos formais. De fevereiro a maio, foram criados 281,8 mil postos. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.
O economista Fábio Romão, especializado em mercado de trabalho, afirma que as demissões feitas no auge da crise só serão zeradas em setembro, ou seja, a geração de empregos será igual aos postos de trabalho fechados. Os cálculos levam em consideração as variações sazonais, como a alta do desemprego em dezembro.
O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse que em junho a criação de vagas será ainda maior que a de maio e deverá ficar próxima de 200 mil postos. Ele acredita que a indústria de transformação e a construção civil puxarão as contratações com carteira assinada. Lupi cobrou dos colegas de governo medidas que continuem incentivando a economia e, consequentemente, o aumento do emprego. “Precisamos continuar com a redução de juros, as medidas de estímulo ao crédito, as ações anticíclicas para estimular o consumo.”
Lentidão na indústria
Todos os grandes setores da economia tiveram alta do nível de emprego em maio. Mas a indústria mostra ainda resistência em voltar a contratar. Os números de maio mostram que o nível de emprego ficou quase estável no setor, com a geração de apenas 700 postos com carteira assinada.
Algumas indústrias seguem demitindo, em especial aquelas ligadas às exportações e aos investimentos. O setor de metalurgia fechou 5.499 empregos em junho e o de materiais elétricos demitiu 2.917 funcionários com carteira assinada. Na indústria, o setor que teve a maior recuperação no mês passado foi o de alimentos e bebidas, com a geração de 13,3 mil postos de trabalho com carteira assinada. Esse foi o setor que mais demitiu funcionários com carteira assinada no fim do ano passado.
O destaque entre as contratações foi a agricultura, que surpreendeu especialistas, com a geração de 52,9 mil novos postos de trabalho. O setor de serviços aparece em segundo, com 44 mil novos empregos formais. Na construção civil, 17,4 mil funcionários conseguiram empregos com carteira assinada, e, no comércio, 14,6 mil. Segundo Romão, com exceção da indústria, os demais setores caminham para voltar ao nível normal de contratações, na média da última década.
Para a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, o resultado de maio ainda não é um bom indicador para a economia. “O saldo ainda é menor que no ano passado. A geração de empregos melhorou, mas ainda é fraca”, disse. Em maio do ano passado, foram criados 202,9 mil empregos formais, 35% a mais que em maio deste ano.
Fonte: Folha de S. Paulo – Juliana Rocha da Sucursal de Brasília