Desde terça-feira (10), o MST já ocupou nove prefeituras no estado da Bahia. Foram seis prefeituras ocupadas durante o primeiro dia de mobilização e mais três nesta quarta-feira (11). Ao todo, mais de 3.500 trabalhadores do campo participam das ações.
De acordo com o dirigente estadual do MST, Evanildo Costa, a principal pauta colocada pelo Movimento é a questão da precariedade da educação no campo. “Temos casos de assentamentos que o ônibus escolar fica 30 dias quebrado e as crianças tem que ir para a escola a pé. Casos em que as crianças andam 15 km para estudar. Muitas delas estudam em escolas improvisadas, porque o prefeito não consegue construir ou fazer a reforma necessária. Faltam até mesa de professor, quadro negro para dar aula, além da precariedade das estradas”, relata.
Essa discussão em torna dos problemas da educação no campo não é de agora, como relembra Evanildo. Ação semelhante já havia ocorrido no ano passado, quando algumas prefeituras também tinham sido ocupadas.
No entanto, os problemas persistem. E de acordo com o dirigente, a pressão social é a única maneira de se conseguir negociar as demandas populares. “Não podemos permitir que as aulas comecem nas mesmas condições do ano anterior, por isso tiramos como medida o mês de janeiro para se fazer as ocupações onde temos dificuldade de encaminhar essas questões nas prefeituras”, explica.
Das nove prefeituras ocupadas até o momento, apenas duas se manifestaram e já tiveram os prédios desocupados: a do município de Tabelas e Itajuípe, cujas negociações já foram realizadas e se comprometeram em resolver os problemas apontados pelo Movimento.
As outras sete – do município de Prado, Canonum, Igrapiúna, Rodelas, Queimadas, Santa Brígida e Curaçá – continuam ocupadas até que as reivindicações sejam atendidas.
“Demos prazo curto – até março – para que comecem atender nossas pautas. Caso contrário, retomaremos o processo de mobilização na semana das mulheres e no abril vermelho”, destaca.
Novas ocupações ainda ocorrerão ao longo do mês de janeiro, número que poderá subir para mais de 25 prefeituras ocupadas e que contará com mais de cinco mil trabalhadores organizados.
Fechamento de escolas
Desde 2002, mais de 37 mil escolas no campo já foram fechadas em todo o Brasil, segundo dados do próprio censo escolar do Inep.
Para Evanildo, “não tem como desassociar a luta pela Reforma Agrária com políticas para educação. Não adianta termos o assentamento, com pessoas produzindo e melhorando de vida, mas sem ter melhorado a questão da educação. Com a mesma insistência que fazemos a luta pela terra, também fazemos a luta pela educação, pela saúde, pela moradia. Para que as pessoas além de ter terra para trabalhar também tenham cada vez mais dignidade dentro do processo da luta pela reforma agrária”, explica.
Além disso, aponta a necessidade da educação no campo ser voltada para o campo e que seja efetuada no próprio meio rural. Principalmente para que seu método pedagógico esteja em sincronia com a realidade dessas crianças.
Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST