Foi divulgado em junho o “Mapa da Violência – Homicídio de Mulheres” de 2012, que trouxe uma triste revelação. Entre 87 países, o Brasil ocupa o desonroso sétimo lugar entre os que mais matam suas mulheres, o que significa que a cada duas horas, uma mulher é assassinada no país.
Como se não bastasse, o mesmo documento diz que a cada 12 minutos, uma mulher é agredida no Brasil. O agressor ou assassino são, normalmente, pai, namorado, marido, ex-marido e, na velhice, os filhos. Enquanto os homens vítimas de violência podem ser mortos no bar, no local de trabalho ou na rua, a agressão contra mulheres ocorre em casa e, segundo o estudo, em 53,9% dos casos, com armas de fogo.
Ainda de acordo com os dados, em 30 anos, foram assassinadas 91.932 mulheres. Até os 14 anos, os pais são os principais responsáveis pela violência. Porém, com o passar dos anos, o papel de agressor vai sendo substituído pelo parceiro ou ex-parceiro, situação que se mantém até os 60 anos, quando os filhos passam a ser preponderantes na geração de violência contra a mulher.
Segundo o sociólogo Júlio Jacobo, autor do “Mapa da Violência”, a implantação da Lei Maria da Penha ajudou o índice a não aumentar, mas está longe de ser a solução do problema. “Os indicadores de violência estagnaram desde a mudança da legislação. Não está aumentando, mas ainda estamos na UTI, mesmo sem o agravamento do quadro. A Lei Maria da Penha atua na contramão de um processo histórico de violência, mas nenhuma lei altera a realidade. A mobilização da sociedade civil e o funcionamento do poder público contribuem também para a eficácia da lei”.