Na próxima sexta-feira, 11/01, o subprocurador de Direitos Humanos do Ministério Público, Leonardo Chaves, irá à comunidade da Providência, no Rio de Janeiro, para ouvir denúncias e propostas da comunidade sobre freqüentes e repetidos abusos cometidos pela Polícia Militar e, mais recentemente, pelo Exército, que ocupa o morro desde dezembro.
Conforme a Rede denunciou em diversas ocasiões desde outubro, o nível de violência policial na favela aumentou muito desde que o capitão Leonardo Zuma assumiu o comando do Gpae local. Gozando de aparentemente algum tipo de apoio político, Zuma chegou a desacatar ordens abertamente, e não sofreu qualquer tipo de punição. Pouco depois veio a inesperada notícia: o Exército ocuparia o morro por pelo menos um ano para garantir polêmicas obras fruto de um acordo entre o senador Marcelo Crivella e o presidente Lula. Embora os militares estejam lá desde 12/12, somente hoje (08/01) as obras realmente começaram.
Como a Associação e moradores denunciaram, por exemplo, ao jornal A Nova Democracia, desde o início da ocupação militar têm sido freqüentes os casos de invasão de domicílios, revistas indiscriminadas (inclusive de crianças) e intimidação. O caso mais recente foi na última sexta, 04/01, quando garis comunitários tiveram suas roupas rasgadas em revistas do Exército.
E ao mesmo tempo continuam as atrocidades da PM. Na mesma sexta 04/01, por volta das 18h, uma viatura do 5o BPM com dois PMs entrou no Morro do Pinto (favela vizinha à Providência) e baleou dois jovens. Edson, de 16 anos, morreu na hora com um tiro na nuca (indício claro de execução sumária), e Wesley, de 14 anos foi atingido no abdomen (o tiro perfurou seus intestinos e ele encontra-se internado no hospital Souza Aguiar).
Os policiais não deixaram os moradores socorrer os jovens, colocaram os corpos na viatura e levaram ao hospital. Moradores revoltados seguiram até o Souza Aguier e fizeram um protesto em frente ao hospital contra essa violência logo no início do ano. Inicialmente a polícia apresentou a versão de sempre, que os jovens foram atingidos numa “troca de tiros”, mas já agora dizem que Wesley foi baleado “acidentalmente”.
Esses e outros casos serão apresentados ao MP, e serão pedidas garantias de que o Exército respeite os direitos dos moradores durante a longa ocupação planejada. A reunião será às 14h, e o endereço da Associação é Rua da Gamboa, 21.
Comissão de Comunicação da Rede.
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