Engenharia Mundial discute meio ambiente

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Por Jô Santucci e Janine Gonzalez

Ciência e tecnologia como solução para o desenvolvimento sustentável foi o foco das palestras do Fórum do Desenvolvimento Sustentável – Meio Ambiente, que lotou o auditório Máster JK, durante da Word Engineers’ Convention (WEC 2008), na quinta-feira, dia 4.

Cientistas como Ricardo Sanchez, diretor para a América Latina e o Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), alertou para a necessidade de o mundo se voltar para desastres como o de Santa Catarina. “É necessário estabelecer agora as vias para manejar o capital natural, com uma disciplina rigorosa, para não causar danos para a geração futura, privilegiando a proteção dos ecossistemas e evitar o desmatamento”, afirmou.

David Mendes, meteorologista e pós-graduado do INPE, da área de estudos científicos sobre a Terra, em sua palestra sobre a urbanização desenfreada afirmou que essas catástrofes são reflexos das mudanças climáticas, pois o que aconteceu com Santa Catarina tem proporções mais gigantescas do o Catarina, de 2003. “Nessa época do ano, a precipitação média é cerca de 150 a 200 mm. Em 10 dias, choveu 850 mm, em uma região de maior índice de desenvolvimento do país. O Porto de Itajaí, que ficará interditado durante seis meses, é o segundo do Brasil em exportações. Os prejuízos são muito grandes.”

O cientista salienta ainda que eventos como a WEC são ideais para mostrar que a diversidade de áreas e profissões pode contribuir para solucionar problemas como estes, porque os desastres estão acontecendo com cada vez mais freqüência. A troca, a remoção da vegetação da Amazônia, por exemplo, traz impactos para toda a América Latina. “Só existe um planeta. Vamos cuidar dele”, alertou.

Mudanças climáticas, vulnerabilidade e impactos foi tema da palestra proferida pelo membro do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas, Antônio Rocha Magalhães, que abordou os aspectos gerais das mudanças climáticas globais, que já se refletem no campo dos recursos hídricos, nas ondas de calor e nas enchentes.

“A temperatura da terra vem aumentando sensivelmente no pós-Revolução Industrial, onde os gases do efeito estufa começaram a ser produzidos em maior escala. Nesse sentido, será muito importante a participação da engenharia na criação de inovações que amenizem os impactos provocados por esse fenômeno”, disse.

Ao finalizar este Fórum, o premiado jornalista e escritor André Trigueiro, que apresenta o programa Cidade e Soluções, da Globo News, chamou a atenção para o uso impróprio do Green Buildings em muitos empreendimentos que não desenvolvem este conceito. E que muitas vezes o que prevalece é a regra do bolso.

Segundo ele, os engenheiros são fundamentais para a possibilidade da construção de um mundo melhor. Ele citou o exemplo de Santa Catarina, onde o fator maior da tragédia foi o deslizamento de terra. “Faltou maior fiscalização das encostas e proteção das matas ciliares e gestão pública.”

Para Trigueiro, a crise ambiental não tem precedentes e a engenharia pode contribuir para mudanças. “A sustentabilidade tem cara, cheiro e custo-benefício, pois quem não investir nela vai tempo e dinheiro”. Destacou ainda a necessidade de as universidades formarem os engenheiros para o século 21, para atender à demanda da realidade, sendo urgente acelerar esse processo. “Há vários exemplos de solução da engenharia, coleta da água da chuva, transformação do esgoto em energia, mais ainda é pouco.” Após apresentar um vídeo de algumas soluções para a construção sustentável, ressaltou que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) falta um ‘s’: Programa de Aceleração do Crescimento Sustentável.

Comissão do Mercosul é apresentada na WEC 2008
Por Thais Loiola, Equipe de Comunicação da WEC

O trabalho da Comissão de Agrimensura, Agronomia, Arquitetura Geologia e Engenharia para o Mercosul (Ciam) foi apresentado hoje (5), na sessão temática “Mobilidade da Engenharia Profissional no Mercosul”. A assessora da presidência do Confea, engenheira e arquiteta Carmem Eleonôra Soares, explicou o funcionamento da Comissão. Segundo ela, o objetivo é harmonizar as condições de exercício profissional e compatibilizar a ação dos países membros para viabilizar a livre circulação de profissionais, serviços e empresas. Com isso, busca-se garantir o eficaz controle sobre a responsabilidade técnica no âmbito regional.

Carmem Eleonora explicou as diferenças entre a fiscalização do exercício profissional e da legislação nos quatro países do bloco – Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. As sessões temáticas estão acontecendo paralelamente à programação do Congresso Mundial de Engenheiros (WEC 2008). Cada sessão tem duração de 15 minutos, com apresentações de profissionais de países, como China, Alemanha, Argentina, Malásia, Nigéria e Quênia.

Embrapa Agroenergia apresenta nova matéria prima para produção de biodiesel
Rafaela Maximiano, Equipe de comunicação da WEC 2008

A Embrapa Agroenergia trouxe para a ExpoWEC a pesquisa que estuda a produção de etanol a partir da mandioca açucarada. A vantagem dessa nova matéria prima é sua fácil extração de açúcar, assim como é feito com a cana-de-açúcar, ambos possuem açúcares livres gastando menos energia para sua produção o que torna o processo mais barato e atrativo para comercialização.

“Os Estados Unidos atualmente são o maior produtor de etanol a partir do amido, porém os altos custos para extração e produção são bastante criticados por outros países, o que muitas vezes chega a inviabilizar o processo. No Brasil, essa produção é mais acessível, pois se utiliza a cana-de-açúcar, que possui a vantagem de ter o açúcar livre. Nesse caso, não é necessária a quebra de moléculas, processo que encarece a produção”, explicou a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Mendonça.

De acordo com a pesquisadora a mandioca açucarada ampliará o leque de matérias primas e incentivará a produção em larga escala no país. Outra vantagem descoberta pela pesquisa é que a mandioca açucarada possui 224,7 de glicose enquanto a mandioca comercial apenas 0,78. De sacarose a nova qualidade de mandioca possuiu 90,01 de sua composição de açúcares enquanto a mandioca normal apenas 0,16.

Biodiesel
A Embrapa também trouxe um expositor de matérias primas a partir de frutos e sementes que estão estudo para a produção de biodiesel. São eles o pinhão manso, o babaçu e o macaubou. Atualmente são utilizados mundialmente o óleo de soja (77.47%), o sebo bovino (20,61%), o óleo de algodão (1,46%), o óleo de palma e de dendê (0,36) e em menor escala a gordura de porco (0,06%) e o óleo de fritura (0,01).

Fonte: www.wec2008.org.br