No dia 12, foram seis meses do terremoto ocorrido no Haiti, um dos desastres naturais com maiores perdas humanas e econômicas das últimas décadas. Em relatórios recentes, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) relata em números e estatísticas os saldos da tragédia no país, aprofundando a já grave crise humanitária.
Haiti antes do terremoto
A situação social do Haiti não era boa, mesmo antes do desastre ocorrido há seis meses. O terremoto deu seguimento às devastadoras perdas causadas por vulcões que entraram em atividade em 2008, afetando a vida de 800 mil haitianos. Cerca de 60% da população trabalhadora do Haiti vive em áreas rurais e depende da agricultura para sobreviver, e a ação vulcânica destruiu 70% do setor agrícola.
Em 2009, segundo o Escritório do Enviado Especial das Nações Unidas para o Haiti, 55% dos haitianos viviam com pouco mais de um dólar por dia e a renda per capita anual era de U$ 660.
De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do PNUD, o Haiti ficou no 149° lugar entre 182 países no ano de 2009, o mais baixo de todo o continente americano. A probabilidade de não chegar com vida até os 40 anos de idade era de 18,5%, enquanto a expectativa de vida era de 61 anos, sendo pior que em Mianmar e uma das piores do mundo.
Além disso, as condições de saúde e nutrição no país já eram muito preocupantes. Por exemplo, mais de 60% das crianças e 46% das mulheres sofriam de alguma forma de anemia, enquanto 58% das crianças estavam subnutridas, de acordo com dados fornecidos pelo Escritório do Enviado Especial das Nações Unidas no país.
Contexto pós-terremoto
Quase 3,5 milhões de pessoas presenciaram o terremoto mais forte dos últimos 200 anos no Haiti, de 7 graus na escala Richter, incluindo toda a população de Porto Príncipe – cerca de 2,8 milhões, o equivalente à população da cidade de Chicago (EUA), Madri (Espanha) ou Taipei (China). O governo haitiano estima que cerca de 222 mil pessoas morreram e outras 300 mil foram feridas no dia 12 de janeiro, mas o número de mortes exato não pode ser confirmado.
Mais de 188 mil casas caíram ou foram danificadas e 105 mil foram completamente destruídas. Prédios importantes como o Palácio Presidencial, o Parlamento, a Catedral e a maioria dos edifícios governamentais ruíram, 60% dos prédios oficiais, entre estruturas administrativas e econômicas, de acordo com a Avaliação de Necessidades Pós-Desastres (PDNA, na sigla em inglês) e com o Governo do Haiti. Quase cinco mil escolas foram afetadas, muitas das quais fechadas após o tremor. Mais da metade dos 49 hospitais nas três regiões atingidas foram destruídos ou seriamente deteriorados.
Por conta das casas destruídas, no momento mais problemático do desastre aproximadamente 2,3 milhões de pessoas foram deslocadas para outras áreas, incluindo 302 mil crianças, e mais de 1.300 assentamentos espontâneos foram identificados. Aproximadamente 1,5 milhão de crianças e jovens abaixo dos 18 anos foram afetados direta ou indiretamente pelo tremor. Quase 720 mil dentre essas crianças têm entre seis e 12 anos.
O valor total das destruições e perdas causadas pelo ocorrido em 12 de janeiro é estimado em 7,8 bilhões de dólares, dos quais 4,3 bilhões representam estragos físicos e 3,5 bilhões, econômicos. Esses valores são equivalentes a mais de 120% do PIB e evidencia o maior impacto econômico causado por uma desastre comparado ao rendimento nacional em 35 anos.
Após o terremoto, mais de 604 mil pessoas deixaram o Departamento do Oeste, onde se localiza a capital do país. Aproximadamente 160 mil pessoas se mudaram de Porto Príncipe para a área fronteiriça com a República Dominicana.
Foto: UN/Sophia Paris