Fisenge: 20 anos de luta e história

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Carlos Roberto Bittencourt, presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)

A Fisenge comemora 20 anos. Uma história que começou pela discordância de princípio no modo de fazer sindicalismo. O novo sindicalismo ocupava espaço na luta dos trabalhadores, deixando de lado práticas sindicais meramente cartoriais e burocráticas. A fundação da Central Única dos Trabalhadores, em 1983, foi decisiva para o avanço do novo sindicalismo no país. Esta divergência de prática também refletiu no movimento dos engenheiros, em busca de uma agenda alinhada à luta dos trabalhadores como um todo, não apenas corporativa.

Em meados dos anos 80, os sindicatos de engenheiros filiados à CUT ao lado de sindicatos de engenheiros independentes, se organizaram com a finalidade de superar determinadas práticas sindicais e avançar na luta dos trabalhadores.

Em 1991, a ruptura com a Federação Nacional dos Engenheiros tornou-se inevitável e foi iniciada a construção da Coordenação Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), que, em 1993, se consolida como Fisenge, entidade filiada à CUT.
A luta por uma outra estrutura sindical: horizontal, classista, combativa e de luta, se concretiza nesse momento de fundação da federação. O final dos anos 80 e o início dos anos 90 marcaram profundamente o país pela ofensiva neoliberal.

Nesses 20 anos, travamos, ao lado dos movimentos sociais, lutas intensas pelo fortalecimento da democracia brasileira; contra as privatizações e o desmonte do Estado. Iniciado no governo Collor, o processo de retirada de direitos dos trabalhadores e a precarização seguiram avançando no governo de FHC e o neoliberalismo começou a tomar conta do país.

Nestas circunstâncias de enfrentamento e resistência ao projeto neoliberal, a Fisenge se consolidou como referência, mobilizando os trabalhadores como sujeitos políticos dessa luta.

Participamos de greves históricas, como a dos petroleiros e a do setor elétrico contra a entrega do patrimônio público e contra as demissões. Marchamos com o MST pela reforma agrária. Defendemos e apoiamos a agricultura familiar.

Ajudamos a construir o Conselho Nacional das Cidades e fazemos parte, com os movimentos sociais, da coordenação do Fórum Nacional de Reforma Urbana. Lutamos pela democratização dos meios de comunicação. Participamos de Fóruns Sociais Mundiais. São lutas que enfrentamos no passado e ainda seguimos firmes no presente pela afirmação de direitos e justiça social.

A engenharia cumpre um papel protagonista no desenvolvimento do país e cabe a nós, engenheiros e engenheiras, debater e formular nossa contribuição para um outro projeto de nação.

Acreditamos em uma outra sociedade, verdadeiramente justa e solidária e temos capacidade de contribuir nesse processo.

Na questão da luta da categoria, a Fisenge tem papel central na defesa do Salário Mínimo Profissional, coordenando ações com êxito pelo país. Fomos a primeira entidade a entrar com Amicus Curiae no STF pela defesa do SMP.

Além disso, temos participação nas negociações de acordos coletivos nacionais na luta pelos direitos dos trabalhadores. Também temos atuação destacada no setor elétrico, especialmente, na luta vitoriosa pela renovação das concessões das usinas.
Todas estas ações só foram possíveis com a contribuição valorosa dos engenheiros e das engenheiras organizados em seus sindicatos na Bahia, no Espírito Santo, em Minas Gerais, na Paraíba, no Paraná, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, em Rondônia, em Sergipe, no município de Volta Redonda e no Sindicato de Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina.

Ocupamos, nestas duas décadas, espaços importantes no Confea, com ex-presidentes alinhados ao campo da Fisenge, como também presidências de Creas. Temos participado efetivamente do Colégio de Entidades Nacionais do Confea, pautando questões nacionais.

Uma conquista importante nestes 20 anos, da qual nos orgulhamos muito, é a consolidação da Diretoria da Mulher, que, defende campanhas importantes pela ocupação das mulheres nas diferentes instâncias e pela igualdade de direitos. Hoje, a Diretoria da Mulher é referência de luta para diversas entidades.

Sempre estivemos comprometidos com a luta dos trabalhadores. Com esta compreensão nos filiamos à UNI, com o objetivo de aglutinar experiências internacionais e lutar de maneira global pelos direitos dos trabalhadores. Nos articulamos com diferentes organizações sindicais pela América Latina e outros continentes na denúncia de práticas antissindicais e também para fortalecer o movimento sindical internacional.

Hoje, um dos maiores desafios do movimento sindical é a renovação. Alguns sindicatos têm tido experiências exitosas com a aproximação e a participação dos estudantes de engenharia nas entidades.

Sabemos que a juventude tem fôlego e pautas próprias, que se coadunam com um projeto de nação. Os jovens são sujeitos de nossa história e sempre ocuparam as ruas do nosso país. É nosso dever contribuir para a ampliação dos espaços da juventude nas instâncias sindicais.

No passado, contribuímos para a redemocratização do país nos tempos sombrios da ditadura militar e mantivemos firme nosso comprometimento pelo fortalecimento da participação democrática da classe trabalhadora na organização da sociedade brasileira.

Acreditamos em um Estado verdadeiramente público com a ampliação de espaços da democracia participativa. Integramos o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral pela reforma do sistema político brasileiro.

Apesar de ser uma entidade jovem, com apenas 20 anos, temos muito que comemorar, pelos serviços prestados à nação, à engenharia brasileira e à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Para aqueles que acreditam na construção de um Brasil diferente, afirmo: as portas estão abertas. Continuaremos trilhando caminhos em busca de um país solidário, fraterno e igualitário.

VIVA A FISENGE PELOS SEUS 20 ANOS!