No dia 11 de dezembro, comemoramos o dia do engenheiro e da engenheira. Neste dia, no longínquo ano de 1937, o Presidente Getúlio Vargas assinou o decreto regulamentando o exercício profissional da Engenharia e Arquitetura.
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Engenharia faz parte do nosso dia a dia: quando acordamos, nos alimentamos, nos deslocamos, nos comunicamos, nos divertimos e etc, com certeza estaremos usufruindo de um projeto, um produto, uma obra que teve a participação de Engenheiros nas suas diferentes modalidades. A engenharia cumpre sua função social diariamente na cidade e no campo, ajudando a construir um País mais justo, desenvolvido e sustentável.
Os engenheiros e as empresas de engenharia brasileira nada devem em tecnologia, conhecimento e inovação às empresas e profissionais estrangeiros. Apesar de que em um passado recente (década de 90), os profissionais de engenharia enfrentaram um período histórico que se notabilizou pelo desmonte do Estado brasileiro, desregulamentação, desindustrialização e a ofensiva neoliberal, que teve como consequência o fechamento de empresas de engenharia consultiva e de construção, muitos profissionais foram demitidos, e outros migraram para outros ramos de atuação.
A partir de 2005, o cenário mudou. Principalmente com o fortalecimento do mercado interno, a retomada dos investimentos públicos em infraestrutura e a implantação do programa Minha Casa e Minha Vida que provocou o ciclo virtuoso de crescimento em toda cadeia da construção civil: na indústria, no comércio e na construção.
A tendência em médio prazo do mercado de Engenharia é que o Governo Federal consiga finalizar as obras do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), cuja previsão de término era dezembro de 2014 e de investimentos na ordem de R$ 448,1 bilhões. Além disto, existe a expectativa de que finalmente o governo federal consiga destravar os investimentos em logística (ferrovia, rodovia, portos e aeroportos). Esta possibilidade é reforçada com a recente aprovação do marco regulatório do sistema portuário e da definição do modelo de concessão das ferrovias brasileiras. O programa tem um potencial de investimento na ordem 750 bilhões de reais. Todo este investimento deverá contar com participação expressiva de profissionais de Engenharia, desafiando o Estado e a sociedade brasileira a priorização dos investimentos em educação, formação e capacitação de profissionais da área tecnológica que consigam atender aos seguintes pressupostos: Empreender, Inovar, Projetar, Executar e Gerenciar.
Em vista deste quadro é fundamental atrair jovens para carreira tecnológica, diminuir a evasão (em torno de 30 % nos dois primeiros anos dos cursos de Engenharia) e aproximar a Universidade das empresas pública e privada, tornando a formação e os cursos mais atuais e conectados com realidade social e econômica do Brasil. Apenas para exemplificar, na China, 33 % dos graduados são Engenheiros, na Coréia do Sul, 65%, e no Brasil apenas 9% dos concluintes do ensino médio ingressam nas engenharias.
É necessário que, neste dia festivo para nossa categoria, a sociedade e o poder público reflitam como é importante atuação deste profissional na construção do bem estar do ser humano. A luta das nossas entidades pela valorização profissional, pelo cumprimento do Salário Mínimo Profissional (SMP) e o reconhecimento da engenharia como carreira de Estado, como são os juízes e os promotores públicos, são medidas fundamentais para aumento da capacidade e da eficiência do Estado Brasileiro.
Nos próximos anos iremos contar com a realização de megaeventos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e ainda temos muitos desafios pela frente, como a falta de saneamento, habitações precárias, estradas deficientes, e a crise da mobilidade urbana, motivo pelo qual milhares de brasileiros foram às ruas em julho deste ano.
O Estado brasileiro está em disputa e cabe aos engenheiros exercer um papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa, democrática
e sustentável.
EngºCivil Ubiratan Félix
Presidente do Senge-BA