A Jornada de Engenharia Sanitária e Ambiental – JESAM reuniu, no dias 5 e 6/12, estudantes, professores e especialistas da área com o objetivo de socializar pesquisas e estudos que traçam o cenário da Engenharia Ambiental no Brasil. Ao todo, foram apresentados 30 trabalhos que atendem a temas como sistemas de água, esgotamento sanitário e tecnologias diferenciadas para a gestão de resíduos sólidos.
“Trata-se de uma oportunidade do aluno de curso técnico, graduação ou pós-graduação se aproximar de temas do saneamento e meio ambiente e das respectivas políticas públicas”, diz a engª sanitarista ambiental Vírginia Neves, coordenadora do curso técnico de saneamento do IFBA.
O Jesam é o resultado de um projeto desenvolvido desde 2012. Um dos objetivos é propor ações que diminuam a evasão dos estudantes dos cursos de Engenharia, tanto de nível técnico como superior. Coordenado pela professora da Universidade Federal da Bahia – UFBA, Patrícia Borja, participam também do projeto o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IIFBA e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano – UFRB.
Engª Lidiane Kruschewsky e Engª Virgínia Neves
“Temos uma série de políticas públicas e legislações que impõem a formação de profissionais da Engenharia. Já temos a disponibilidade de vagas em cursos de qualidade, mas por outro lado um índice de evasão significativo que já passa dos 30%. A ideia é construir mecanismos que garantam a permanência do aluno até o final do curso”, ressalta Virgínia.
Para a engª Lidiane Kruschewsky, coordenadora do curso de Engenharia Sanitária Ambiental da UFRB, esse não é um desafio da Engenharia Sanitária, mas das Engenharias. “Na UFRB, o perfil é de alunos ingressos da escola pública e que chegam com a deficiência grande da educação básica, principalmente, na matemática e física”, explica.
Atualmente, a UFRB desenvolve projetos de extensão com as escolas públicas. O professor da graduação vai para a escola ensinar matemática através de atividades lúdicas, como a realização de gincanas. O projeto já conta com adesão de quase 70% das unidades de ensino básico e os alunos participam por vontade própria. A Instituição oferece ainda o programa de permanência que disponibiliza hospedagem e alimentação aos alunos com dificuldades sociais. “Em um ano conseguimos baixar 18% o índice de evasão. Percebemos a necessidade das políticas públicas fortalecerem a ponte de entre o nível médio e superior de ensino”, diz Kruschewsky.
“Os cursos de Engenharia exigem do aluno desenvolvimento nas áreas da física e matemática. Então quem teve acesso ao ensino de qualidade desde a educação básica consegue acompanhar melhor”, fala Juliane Figueredo, aluna do 3º semestre de Engenharia Sanitária Ambiental da UFBA. A instituição oferece aulas de monitoria para reforço em física e matemática.
Justiça Social – O evento contou com a participação do presidente do Senge BA, engº Ubiratan Félix e da Assessora técnica do Ministério Público da Bahia, engª Cristiane Tosta, que debateram o tema Engenharia Sanitária Ambiental e os desafios para promoção da justiça social. “O profissional da Engenharia deve ir além do rigor técnico e ter sensibilidade social e política, pois os benefícios ou danos resultantes de sua atividade afetam a vida das pessoas. As ações de saneamento básico, por exemplo, perpassam por diversos direitos sociais, como a saúde, moradia, educação e dignidade humana”, diz o engº Ubiratan.
“Ainda é essencial formar grandes projetistas e construtores. Mas para se alcançar o objetivo de justiça social, esse profissional precisa entender qual é a repercussão da sua atuação no ambiente como um todo. Um morador do centro urbano está recebendo as mesmas condições de saneamento daqueles que residem na periferia, na ilha,
numa comunidade quilombola ou no ambiente rural? A Engenharia está preparada para enfrentar essas realidades e praticar o princípio da universalização do saneamento básico?”, questiona a engª Cristiane.
Fonte: Senge-BA