População portuguesa adere em massa a greve geral contra austeridade, dizem sindicatos

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Transporte público foi paralisado nas principais cidades; governo Passos Coelho afirma que não cederá a pressõesA greve geral convocada para esta quinta-feira (27/06) pelos dois maiores sindicatos de Portugal conseguiu mobilizar o setor de transportes públicos e boa parte da população nas principais cidades do país. As centrais trabalhistas afirmam que cerca de 50% dos trabalhadores aderiram à paralisação, número superior aos movimentos de 2010 e 2011, e que “os objetivos foram cumpridos”.

O protesto ocorre em razão da contrariedade às medidas de austeridade fiscal aplicadas pelo governo para conseguir aportes financeiros da troika (grupo de credores formado por Comissão Europeia, Fundo monetário Internacional e Banco Central Europeu). Como resultado dessas políticas, o país encontra-se na maior recessão e com a maior taxa de desemprego desde a década de 1970.Em Lisboa, o sistema de transporte público ficou praticamente paralisado. Os trens não funcionavam, assim como os serviços de metrô e barcas.

Apesar dos graves problemas de transporte e dos enormes engarrafamentos nas estradas de acesso às cidades principais, o comércio abriu com normalidade em Lisboa, Porto e em outros pontos do país. Em vários hospitais e centros de saúde o atendimento é lento ou restrito às urgências, segundo declarações de usuários e informações das emissoras de rádio e TV de Portugal.

A greve foi convocada pela CGTP (Confederação Geral de Trabalhadores de Portugal) e a UGT (União Geral de Trabalhadores). Seus dirigentes abriram o dia de protestos com piquetes e comícios em instalações do metrô, dos bombeiros e dos serviços municipais de coleta de lixo lisboeta.

Para o líder da CGTP, Arménio Carlos, a mobilização foi excepcional e o “governo ficou mais enfraquecido e perdeu margem de manobra para as suas políticas”. Quanto ao Presidente da República, o sindicalista pediu que “pense sobre o que se passou hoje em Portugal e a resposta a dar aos trabalhadores”.

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, disse que a greve geral mobilizou mais de 50% dos trabalhadores ativos e que a central continua disposta a dialogar com o governo, mas não está disponível “para um diálogo de surdos”. “Não queremos cortar as pontes de diálogo com ninguém. A UGT está disponível para o diálogo, mas não para um diálogo de surdos”, afirmou.

Silva destacou a “forte adesão inequívoca do setor público empresarial do Estado”, acrescentando que “também houve adesão muito substancial no [setor] privado”. Reconheceu, no entanto, que a adesão no setor privado foi inferior, mas que compreende a pressão sobre os trabalhadores.“Os portugueses não aceitam as políticas de austeridade. Outra não pode ser a mensagem . Ao aderirem à greve, quiseram dizer não à austeridade e não à submissão em relação as políticas da troika”, afirmou. “O governo deve procurar junto à troika atenuar as condições de sofrimento dos portugueses”.

Esta é a quarta greve-geral convocada contra as medidas do governo conservador do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Inflexível

O governo, por sua vez, se mostra impassível frente aos anseios da população e afirmou que o país “não está parado”. O ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, afirmou que se recusa a comentar os dados fornecidos pelas centrais sindicais para não entrar “na guerra de números”. No entanto, afirmou que o país “não ficou parado”.

“O governo respeita integralmente o exercício de fazer protesto, como respeita mais ainda os portugueses que estão a trabalhar”, provocou o ministro. “O país não está parado e a opinião do governo é que é exatamente de trabalho que o país precisa”.

As declarações de Marques Guedes seguem às do primeiro-ministro Passos Coelho na véspera da mobilização, quando disse que, apesar de respeitar o “direito inalienável à greve”, considera que “o país precisa menos de greves e mais trabalho e rigor”.

Ainda na quarta-feira, durante sessão no Parlamento, o premiê disse que, “apesar de estar há dias a trabalhar para poder baixar os impostos”, não sabe se será possível fazê-lo até o final de sua legislatura. Ao ser questionado por uma deputada do partido Os Verdes sobre o tema, o premiê afirmou que “se me pergunta se o Orçamento do Estado para o próximo ano trará uma diminuição de impostos, lhe digo é que muito me surpreenderia que isso acontecesse”.

Fonte: Opera Mundi