Um dos grandes desafios do País para atingir a universalização do saneamento básico no País é o desperdício de água que, literalmente, implica em dizer que trata-se de uma situação onde o dinheiro investido no setor acaba indo para o ralo. A declaração é do engenheiro sanitarista Clóvis Francisco do Nascimento, palestrante convidado para participar do XIII Congresso Estadual do Sindicato dos Engenheiros do Estado de Rondônia que acontece 22 a 24 de maio de 2014, no auditório da Uniron, em Porto Velho.Atuante no setor sanitário há quatro décadas, Clóvis disse que o desafio de se atingir a universalização do saneamento básico até 2033 será um grande desafio, que não é só o investimento. O desperdício de água ainda é grande na maioria das cidades. Em Manaus, por exemplo, estima-se que este desperdício chegue a mais de 50%. “Saneamento básico é muito caro para estar escorrendo pelo ralo”, disse. Fora isso, estima-se que até 2033 será necessário um investimento maciço de R$ 302 bilhões, uma média de R$ 15/16 ao ano. Apesar do cenário nada animador, o engenheiro mostrou-se confiante. Os investimentos no saneamento básico cresceram muito nos últimos 12 anos (R$ 80 bilhões). Durante sua apresentação no segundo dia de Congresso, Clóvis Francisco trouxe uma lista atualizada do número de investimentos do Governo Federal nas obras financiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento em nível de Brasil, Região Norte e Rondônia. Ele só lamentou que muitas dessas obras não tenham sido concluídas, muitas vezes por má-gestão de recursos ou excesso de burocracia. O palestrante ainda fez um breve relato histórico do saneamento no Brasil e sobre os impactos negativos no setor gerado pela política neoliberalista e o trabalho feito pelo ex-presidente Lula em relação à ingerência do FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano nos investimentos. “Ali começamos a quebrar o paradigma. Chamamos os bancos e dissemos a eles que o dinheiro deles era muito bem-vindo, mas a partir daquele momento quem daria as ordens era o Governo Brasileiro”, lembrou. Defensor do setor público, Clóvis mais uma vez demonstrou sua insatisfação com a privatização do setor de saneamento no Brasil. “Saneamento, água, esgoto não podem ser tratados como mercadoria. Qualidade de vida é competência do Estado e não pode ir parar nas mãos da iniciativa privada”, comentou. Rondônia já recebeu, segundo ele, quase R$ 1,33 bilhão em investimentos em obras do saneamento básico desde que o PAC foi criado. “Rondônia foi um dos estados mais aquinhoados pelo Governo Federal em termos de investimento em saneamento”, finalizou.