Nascido em Minas Gerais, em 1916, o engenheiro civil Vasco Azevedo Neto adotou a Bahia e o estado o adotou de volta – ele recebeu o título de cidadão baiano em 2003. Formado em engenharia civil pela universidade federal da Bahia, ele ingressou no mundo da politica, foi deputado federal (entre 1971 e 1990) e candidato à presidência da república (em 1998, pelo Partido da Solidariedade Nacional – PSN). No lado acadêmico, foi fundador do Departamento de Transportes na Escola Politécnica e professor emérito da Universidade Federal da Bahia. Falecido em setembro de 2010, aos 94 anos, seu maior legado começa a se concretizar com a construção da FIOL – Ferrovia de Integração Oeste Leste.
Durante toda sua vida, Vasco Neto defendeu a descentralização do desenvolvimento do Brasil e o uso do sistema ferroviário como opção para o transporte de cargas. Com base nisso, ele idealizou uma ferrovia transulamericana, com 6.000 km de extensão, partindo do complexo portuário da Bahia, mais especificamente na região de Ilhéus e Campinho (baía de Camamu-Maraú) até Puerto Bayovar, no Peru. Durante seus mandatos como deputado federal, ele lutou pela concretização da ferrovia que, infelizmente, não saiu do papel. É um fato histórico que o Brasil escolheu – e hoje podemos ver a que custo – investir em rodovias tanto para o transporte de carga quanto de passageiros e, desse modo, os planos de Vasco Neto não encontraram, naquela época, ressonância dentro da classe política.
Hoje, a partir de seus projetos e estudos a FIOL começa a se desenvolver. Seu traçado é somente uma parte do que seria a Ferrovia Transulamericana, mas é uma obra importantíssima para o desenvolvimento do estado. A FIOL é parte do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento do governo Federal e terá uma extensão 1.527 km, dos quais aproximadamente 1.100 km serão na Bahia. Ela ligará Figueirópolis, no Tocantins, ao Porto Sul em Ilhéus, passando por 49 municípios baianos. Também está prevista sua ligação com a Ferrovia Norte Sul, dinamizando ainda mais o processo de escoamento da produção nas regiões atendidas. A concretização desse projeto criará alternativas ao porto de Santos – para onde converge atualmente a produção nacional, criando congestionamentos e atrasos – e irá contribuir para a descentralização do desenvolvimento defendida por Vasco Neto.
Diante da imensa contribuição do engenheiro, o governador Jacques Wagner, acompanhado dos senadores Lídice da Mata e Walter Pinheiro, estiveram em sua casa, no seu último aniversário, em 25/02/2010, para dizer-lhe que a ferrovia teria o seu nome, pois ninguém era mais merecedor da homenagem que ele. Dessa proposta de homenagem resultou o Projeto de Lei 2.223/2011, subscrito pelos três senadores da Bahia e três representantes do Tocantins, que denomina a FIOL de “Ferrovia Engenheiro Vasco Azevedo Neto”. O projeto já foi aprovado pelo Senado e agora se encontra na Câmara. O parecer assinado pela Comissão de Educação Cultura e Esporte do Senado Federal diz que “Atribuir seu nome à ferrovia que idealizou representa uma das formas mais justas e oportunas de homenagem que se pode prestar ao Engenheiro Vasco Neto”.
A engenharia baiana representada pelo Sindicato dos Engenheiros da Bahia (SENGE-BA), pela Escola Politécnica da UFBA e pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA), vêm enfatizar o pioneirismo e o papel do destacado cidadão e homem público Vasco Azevedo Neto que pautou sua vida nos princípios de honestidade, seriedade nos estudos e trabalhos realizados e comprometimento com o progresso e integração dos povos da Bahia, do Brasil e da América do Sul.
Engenheiro Civil Ubiratan Félix
Presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia
Professor do IFBA