8 de março: uma reflexão sobre as mulheres engenheiras na pandemia

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Nós, mulheres brasileiras engenheiras, que estamos sobrecarregadas com a nossa profissão – que vem sendo constantemente desvalorizada pelo empresariado, governo e sociedade – também estamos exaustas com todas as tarefas domésticas e de cuidados com as nossas famílias, que foram naturalizadas como de responsabilidade somente das mulheres.

É de suma importância que busquemos a nossa posição igualitária dentro da sociedade. Para este ano de 2021, temos um grande desafio pela frente: colaborar para o controle e o fim da pandemia da COVID-19, o que não é uma tarefa fácil devido à falta de uma política nacional de gestão epidemiológica, de vacinas e de todas as dificuldades relacionadas à prevenção e à falta de responsabilidade social que ficaram notórias na sociedade brasileira nestes tempos. Precisamos reivindicar a atuação firme do Estado brasileiro numa das piores crises sanitárias do mundo que atinge muito mais as mulheres.

Nós, engenheiras, trabalhamos na frente de batalha contra este vírus, seja na manutenção elétrica, eletrônica e mecânica dos equipamentos hospitalares como os respiradores, os monitores de sinais vitais, bem como no fornecimento da energia elétrica para os hospitais e na refrigeração das vacinas, e também para todos os equipamentos que fazem exames de imagem e laboratoriais. A água, bem essencial ao mundo, precisa de tratamento para chegar ao nosso consumo e o conhecimento e a habilidade técnica das engenharias, principalmente química e sanitária, com o objetivo de garantir políticas públicas de saneamento e acesso à água tratada para toda a população.

Sabemos muito bem o valor de uma água tratada para as nossas casas, que não chega para boa parte da sociedade, principalmente a mais pobre. Hoje, mais do nunca, a lavagem das mãos se tornou o mecanismo mais simples para combater a doença. E a alimentação? O agronegócio consciente – em conjunto com a proteção do meio ambiente tão mal administrado pelo governo – precisa de nós, engenheiras agrônomas, ambientais, geólogas e demais profissionais para a garantia de segurança alimentar.  Além disso, atuamos nas instalações e construções de hospitais, nas plantas industriais, nas estações de trabalho e nas residências com conforto térmico e ambiental. O papel da ciência e da tecnologia também é fundamental, por meio de pesquisas que possibilitam, por exemplo, os equipamentos usados para o combate à doença e o conforto dos pacientes.

A engenharia é uma área com maioria de homens e convivemos com uma dura realidade de um mercado de trabalho voltado e dominado por eles. Não obstante a esse cenário, recaiu sobre nós mais fortemente, durante este período de pandemia, todas as tarefas relacionadas aos cuidados familiares, juntamente com as novas funções relacionadas à educação como as aulas virtuais e a organização de uso de computador, além da desinfecção de embalagens de alimentos e produtos em geral.

Na coletividade, lutamos para o desenvolvimento e a igualdade de direitos do nosso povo, para uma sociedade sem preconceitos de raça, de gênero, de religião ou crenças, com oportunidades iguais para homens e mulheres, respeitando a democracia defendida na nossa Constituição.

Apesar de todo o nosso esforço na busca por igualdade, dignidade e empatia, temos um número cada vez mais crescente de crimes contra as mulheres, de feminicídios, de violência doméstica, de assédios e de humilhações nas mídias sociais que invadem nossas casas.  Crimes estes acobertados pelos que controlam os espaços de poder, na maioria esmagadora homens, que querem impor à sociedade suas pautas de ódio e do fascismo. Para isso, dizemos: Não! As mulheres querem viver na democracia, ter reconhecimento e amor.

PELA VIDA DAS MULHERES, RESISTIREMOS: CONTRA A FOME, A MISÉRIA E A VIOLÊNCIA!

VACINA PARA TODAS E TODOS, JÁ! FORA BOLSONARO!

 

Virgínia Brandão é engenheira eletricista, diretora da mulher da Fisenge e diretora do Senge-RJ