No dia da consciência negra, lembramos a história de Enedina, engenheira negra. O Dia da Consciência Negra é tempo de lembrar que muitos brasileiros enfrentam séculos de injustiça, violência e discriminação para que hoje, ainda distante de uma realidade ideal, possamos viver em uma sociedade menos desigual. Entre eles, você precisa saber quem foi Enedina Alves Marques, a primeira mulher do Paraná e a primeira negra do Brasil a conquistar o diploma de engenharia.
Mulheres, negras e pobres formam 25% da população brasileira e são o grupo que mais sofre obstáculos para conseguir qualificação, reconhecimento profissional e melhores condições de vida. Se isso acontece hoje, imagine como era em 1940, quando Enedina ultrapassou as barreiras do racismo, do machismo e da segregação social ao ingressar na UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Curitibana, nasceu em 13 de janeiro de 1913, apenas 25 anos após o fim do regime de escravidão que vigorou por mais de três séculos em nosso território. De origem humilde, ela e seus irmãos começaram a trabalhar desde muito cedo e tiveram ainda mais dificuldades quando foram surpreendidos pelo abandono do pai. Passou a trabalhar como babá na adolescência e pôde concluir os estudos secundários somente após a maioridade.
Tornou-se professora, mas a engenharia continuava sendo seu maior sonho. Durante uma década, Enedina est
eve obstinada a ser aprovada no vestibular do curso que, tradicionalmente, era composto por alunos homens, brancos e de famílias abastadas. Era sempre lembrada por passar noites em claro copiando à mão os livros que não tinha condições de comprar.
Quando finalmente conseguiu a tão sonhada admissão, o preconceito por parte dos colegas e até dos professores passou a ser sua maior prova. Mas com inteligência, determinação e carisma conquistou apoio dentro e fora da universidade. Em 1945, aos 32 anos, Enedina entrou para a história ao receber o canudo.
Foi engenheira fiscal de obras do estado, chefe de hidráulica, da divisão de estatísticas e do serviço de engenharia da Secretaria de Educação e Cultura. Deixou grande contribuição no levantamento de rios, na construção de pontes e teve papel decisivo na condução das obras para construção da Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país.
Em vida, conquistou respeito liderando centenas de operários, técnicos e engenheiros. Hoje está imortalizada como a “pioneira da engenharia”, ao lado de outras 53 personalidades femininas gravadas no Memorial à Mulher, construído em Curitiba pela comemoração pelos 500 anos do Brasil. Em sua homenagem, foi fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, empenhado em combater a invisibilidade racial que atinge negras e negros em diversos setores, como o ambiente escolar, o mercado de trabalho e as demais esferas sociais.
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Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação