20 anos de fundação Fisenge

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Com o objetivo de resgatar a história da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, iremos trazer a cada edição do jornal uma entrevista com um resgate histórico sobre os principais fatos que marcaram a trajetória da Fisenge nestes 20 anos. O primeiro entrevistado é Luiz Carlos Soares, que foi coordenador da Coordenação Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge).

Qual a importância da fundação da Consenge no momento histórico pelo qual o sindicalismo brasileiro passava?

Entendo que é pertinente fazer uma breve resenha histórica a respeito das origens da Fisenge, porque, atualmente, não devem existir muitos participantes, ainda remanescentes da época da criação da entidade e conhecedores da sua bela história. A partir dos avanços ocorridos na ação e organização sindical da década de 1970, os trabalhadores brasileiros foram incentivados a se organizarem de modo mais forte e consistente na busca de melhores salários, oportunidades e condições de trabalho.

Assim, o movimento sindical dos engenheiros também foi influenciado, até porque passou a ocorrer um significativo crescimento no número de engenheiros que passaram à categoria de assalariados. A Federação Nacional de Engenheiros (FNE), congregava os sindicatos de engenheiros e realizava encontros nacionais a cada dois anos, o Encontro Nacional de Sindicatos de Engenheiros (ENSE). Era uma entidade na qual predominava o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), sigla vigorante até hoje, de modo diferenciado dos demais, os Senges.

Nos anos 1980, muitas direções sindicais de engenheiros, até então mais voltadas para questões empresariais e para os profissionais autônomos, passaram a ser substituídas por direções mais voltadas para a defesa dos seus representados no que se refere às relações de trabalho.

Como se deu a transformação na luta pelos direitos dos trabalhadores?

Suas estratégias mais fortes passaram a ser desenvolvidas nas negociações de salários e de condições de trabalho, diretamente com as direções das empresas e/ou dos sindicatos patronais. Ou seja, a busca de Acordos e Convenções Coletivos(as) de Trabalho (ACTs) e CCTs – ao invés de burocráticos processos de Dissídios Coletivos, nas instâncias dos Tribunais Regionais e Superior do Trabalho. Isso constituiu um grande divisor de águas na ação sindical entre grupos distintos de sindicatos de engenheiros, então filiados à FNE. Alguns sindicatos organizaram uma articulação informal, o Engecut, e se filiaram à CUT, que foi criada em 1983.

As divergências políticas culminaram de que forma?

No ENSE de 1988, em Belém-PA, as divergências quanto às perspectivas de destino se cristalizaram e conduziram a uma disputa pela presidência da FNE. Nosso companheiro Paulo Melo, do Senge-RJ, já falecido e de saudosa memória, concorreu como oposição numa eleição direta para presidente da Federação. Perdemos a eleição em circunstâncias que não foram muito bem explicadas. Todavia, isso constitui algo que foi considerado pelo nosso grupo de oposição – na época e até hoje para todos os fins e efeitos -, como “águas passadas que não movem moinho”. Faço apenas um simples registro histórico de algo que deve ter ficado na memória de uns poucos remanescentes daquele momento, dentre os quais me incluo modestamente, porém com grande honra. No ENSE de 1990, em Brasília, após muitos e acalorados debates, um grupo de Senges decidiu pela desfiliação à FNE e formação de uma nova entidade. De início, pensou-se em uma entidade de coordenação do grupo, com funções federativas, sem se chamar federação. Esta entidade foi formalizada em abril de 1991, em Belo Horizonte, no 1º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge) sigla que permanece até hoje. A entidade foi denominada Coordenação Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), da qual eu me tornei o Coordenador Geral, com prerrogativas de presidente. No 2º Consenge, em 1993, no Rio de Janeiro, a entidade passou, então, a se denominar Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), tal como é conhecida e reconhecida até hoje, tanto nacional como até internacionalmente. A partir daí, sua história fala por si mesma!