16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres

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Estudo mostra que o Brasil é o 5º no ranking mundial em crimes contra mulher

Por Érica Aragão, para a CUT

Começou nesta sexta (20) a Campanha Mundial dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência contra as Mulheres (Foto: Agência Brasil/ Fernando Frazão)

Em Brasília, nesta quinta (19), as Nações Unidas iluminaram com luz laranja o Museu Nacional com dados de violência contra as mulheres no Brasil.

A ação acontece no contexto da visita da diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que trará o país para os holofotes internacionais este ano.

A cor laranja, por ser vibrante, foi escolhida para simbolizar um futuro de esperança para mulheres e meninas. No ano passado, entre os principais símbolos mundiais, foram iluminadas a Times Square, em Nova York, e as Pirâmides do Egito.

As mensagens projetadas no Museu Nacional convocam cidadãos e cidadãs, governos, universidades, empresas e sociedade civil a tomarem uma atitude pelo fim da violência contra mulheres e meninas.

A ação se relaciona à campanha global da ONU Mulheres nos 16 Dias “Torne o Mundo Laranja”, que iluminará de laranja monumentos importantes com o objetivo de dar visibilidade para o problema.

Dia Laranja – Em julho de 2012, a campanha UNA-SE pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, do secretário-geral das Nações Unidas, proclamou o dia 25 de cada mês como um Dia Laranja. Em todo o mundo, agências das Nações Unidas e organizações da sociedade civil utilizam esses dias para dar mais visibilidade às questões que envolvem a prevenção e a eliminação da violência contra mulheres e meninas.

Sobre os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulher

Os 16 Dias de Ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.

A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que se posicionaram contrárias ao ditador Trujillo, ficando conhecidas como “Las Mariposas”, e sendo assassinadas em 1960, na República Dominicana.

Hoje, cerca de 150 países desenvolvem esta campanha. No Brasil, ela acontece desde 2003, por meio de ações de mobilização e esclarecimento sobre o tema.

No Brasil, a campanha dos 16 Dias se inicia em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, e termina em 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dados sobre violência contra mulheres

Segundo o Mapa da Violência 2015, estudo elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), com o apoio da ONU Mulheres e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), o Brasil assume a 5ª posição no ranking de feminicídio, com uma taxa de 4,8 assassinatos por cada 100 mil mulheres; 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas, segundo dados de 2013 do Ministério da Saúde.

O estudo diz ainda que houve um aumento de 54% em dez anos no número de assassinatos de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.

Mapa da Violência – A fonte básica para a análise dos assassinatos no Brasil, em todos os Mapas da Violência até hoje elaborados, é o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).

A seguir, alguns dos dados apresentados no Mapa da Violência 2015: assassinato de mulheres no Brasil.

Assassinato de mulheres nas capitais – Vitória, Maceió, João Pessoa e Fortaleza encabeçam as capitais com taxas mais elevadas no ano de 2013, acima de 10 assassinatos por 100 mil mulheres. No outro extremo, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com as menores taxas.

Estatísticas internacionais – De acordo com os dados da OMS, o Brasil tem taxa de 4,8 assassinatos por 100 mil mulheres, em 2013, o que coloca o país na 5ª posição internacional, entre 83 países do mundo.

Cor das vítimas – As taxas das mulheres e meninas negras vítimas de assassinatos cresce de 22,9% em 2003 para 66,7% em 2013. Houve, nessa década, um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade brancas e negras, expresso em percentual.

Idade das vítimas – Baixa ou nula incidência até os 10 anos de idade, crescimento íngreme até os 18/19 anos e, a partir dessa idade, tendência de lento declínio até a velhice. O platô que se estrutura no assassinato de mulheres, na faixa de 18 a 30 anos de idade, obedece à maior domesticidade da violência contra a mulher.

Para a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Martins Batista, o Brasil ser o 5º lugar do mundo, onde tem mulher morta em decorrência da violência, é reflexo do machismo e do racismo dentro e fora dos locais de trabalho. “Nós mulheres enfrentamos o machismo nos locais de trabalho, na rua, nas redes sociais, no movimento sindical e até nas nossas casas, aliás segundo a pesquisa Mapa da Violência 2015 mais de 50% dos crimes contra as mulheres são cometidos dentro de suas casas.

O enfrentamento com esta prática é cotidiano e sendo necessário fortalecermos a agenda por mais políticas públicas que ajuda a erradicar a violência contra as mulheres no Brasil. Campanhas como esta de 16 dias de ativismo são importantes para falarmos sobre o tema”, destacou Junéia.

Fonte: CUT